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VERTENTES DA INSULARIDADE NA NOVELÍSTICA DE MANUEL LOPES

Vertentes da Insularidade na Novelística de Manuel Lopes

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Maria Luísa Baptista44distintivos e à funcionalidade narrativa que cumprem os «actores» (segundoA. Greimas) não irá potenciar a conclusão de que estamos perante umagaleria tipológica. Afigura-se-nos que existe um certo monolitismo deconstrução, mesmo em Mané Quim: ele é o tímido que o amor não transforma,como aconteceria num herói romântico, embora seja o indeciso aquem o conhecimento directo de uma vertente do dilema fundamentaráuma resolução, ainda que provisória. Essa rigidez traduz-se numa espéciede estilização redutora que fixa a dimensão saliente, em certo sentidoquase diríamos do âmbito do caricatural: uma dimensão com certeza essencialmentesimbólica, em que outros componentes se revelam supérfluospor irrelevantes do ponto de vista da economia narrativa. E assim nosaparece iluminado quase exclusivamente o ângulo a focar.Manuel Lopes, como os demais homens da Claridade, pretende essencialmente«fincar os pés na terra» (15) ; e fá-lo através da perspectivaçãoliterária do cunho peculiar (sem laivos de «bizarro» ou «folclorista»,em sentido depreciativo) de uma realidade sócio-económica e psicológicainsular; não prioritariamente psicológica, não prioritariamente sócioeconómica,mas sócio-económica e psicológica. São vectores solidários econvergentes da recriação, interdependentes, funcionais. Essa funcionalidade,cremos, é por vezes descamadora e cria mais um painel do queum grupo escultórico humano (a bi e não a multidimensionalidade).Com ressalva sobretudo para as personagens principais, Mané Quime Joquinha, as outras, por via de regra, aparecem no momento em quedevem actuar, isto é, cumprir a sua função específica ou dominante, e esfumam-se,sem grande actividade de interacção, sem também que, porexemplo, uma subtil intervenção, marginal que fosse, em momentos anteriorespreludiasse ou indiciasse uma posterior participação mais activa (16) .Em Chuva Braba são em número limitado os conflitos em cujos campos,segundo Niel, se organizará o «sistema de personagens». É esse factoque decerto contribui para uma interacção moderada. A partir da oposiçãoMané Quim — Joquinha, actualização do latente «querer bipartido»,o que essencialmente se observa é uma sucessão linear de personagens(Escolástica, nha Joja, João Joana, Sansão, nhô Lourencinho, zé Viola,Mariano, ...) que, em desfile perante o protagonista (17) , sobre ele exercemuma acção que se consubstancia as mais das vezes no reforço doE-book CEAUP 2007

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