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VERTENTES DA INSULARIDADE NA NOVELÍSTICA DE MANUEL LOPES

Vertentes da Insularidade na Novelística de Manuel Lopes

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Vertentes da insularidade na novelística de Manuel Lopesbrocha, na totalidade de uma escolha fundamentada e irrevogável. Umpouco como se com Joquinha terminasse simbolicamente o fluxo centrífugoda emigração; um pouco como se com Mané Quim se iniciassesimbolicamente uma nova era, retintamente teluricista, íntimo compromisso,entrega inteira.Este é em Chuva Braba o caso central de ironia, numa desconstruçãodo espírito e da prática da tragédia clássica; e o happy end individuale social conferem-lhe o cunho da modernidade, na ruptura infligidaaos cânones.Em resumo: centrando a nossa análise nas relações entre o heróie o mundo, poderemos ir observando a construção de Chuva Braba domodo seguinte:1. Apresentada a proposta actualizadora da partilha latente, ManéQuim deve decidir entre os dois gumes do dilema.1.1. Se Mané Quim tivesse decidido de imediato, a obra não deveriater tido existência, ou, a tê-la, seguiria percurso e finalidades outros.1.2. Se o Autor tivesse mantido o seu herói num estado de indecisãoaté final, era porque nem a força telúrica (centrípeta) nem a evasionista(centrífuga) eram suficientemente fortes para qualquer delas aniquilara outra. Equivaliam-se. Confronte-se a opinião de nhô Lourencinho, dirigindo-sea Joquinha: «Sabes, nos momentos decisivos o homem viradois. O que manda e o que obedece, o que aceita e o que nega, o que vaie o que fica. É preciso decidir: um lado ou o outro; cá ou lá. Mas para issoum dos dois será aniquilado» (CB, p. 144).Seria talvez possível, nesta hipótese, uma obra aberta que abordariaa problemática do indeciso a caminhar para uma abulia.1.3. Tal como existe, Chuva Braba é a vivência do «querer bipartido»que enforma todo o decurso narrativo e que culmina na ‘vitória’ aparentementeinesperada (só aparentemente, aliás) do telurismo.Parece, assim, lícita a inferência, entre outras, de que a evasão (asevasões — a emigração, mas também a indiferença, o silêncio, o enlouquecimento,o álcool, a especulação) é não uma escolha, antes uma consequênciaforçosa, recurso limite do instinto de sobrevivência, coroláriode violências, assumido à revelia de uma vontade sufocada, que pressões412007 E-BOOK CEAUP

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