19.08.2015 Views

VERTENTES DA INSULARIDADE NA NOVELÍSTICA DE MANUEL LOPES

Vertentes da Insularidade na Novelística de Manuel Lopes

Vertentes da Insularidade na Novelística de Manuel Lopes

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Vertentes da insularidade na novelística de Manuel Lopesde Cabo Verde (1958), Sèló (1962). Todas estas publicações, provindasde meios restritos e de autores muito novos, indiciam o carácter culturalmenteaguerrido e a dominância de preocupações de estudo e projecçãoda causa da res insularis.Pelos anos 50-60, uma intelectualidade particularmente interventoraacusa a negligência colonial de ser o grande obstáculo ao desenvolvimentode Cabo Verde. Continua a aguçar-se uma consciência política quetende a (pretende) considerar o Arquipélago como «um caso de regionalismoafricano» (11) Gabriel Mariano subscreve a posição, vê-se apoiadopor Onésimo Silveira (Consciencialização na Literatura Cabo-Verdiana,1963) e mais tarde por Mário de Andrade: «Há muito que vimos defendendoque situar culturalmente o arquipélago no quadro duma problemáticadistinta do continente africano — um caso de regionalismo europeuou derradeira recorrência do mundo mediterrâneo — resulta, aosnossos olhos, de uma interpretação errónea da formação sócio-históricados povos do conjunto Guiné-Cabo Verde» (12) .Como vemos, a busca de inserção numa tradição cultural europeiaou africana, busca de identidade, vem-se prolongando até à contemporaneidade;afinal, numa confirmação tácita de uma insularidade sócio-cultural.Questão histórica que não obsta, no fim de contas, à daafirmação de uma individualidade sócio-política, à de uma identidadenacional.3. Da insularidade vivencialPerante o adverso condicionalismo geo-climático, ameaçadora espadade Dâmocles sobre o viver ilhéu, se forjou um espírito estóico, uma, distanciamento da dor, que é timbre do carácter caboverdiano:hábito de sofrer escondido (porque o desânimo é contagioso), de lutartanto mais quanto maior é o sofrer, de empenhar enraizadamente todasas forças numa produtividade que se nega, hábito só abandonado no limiteem que se lhe sobrepõe o instinto da sobrevivência que, esse, farásubverter todas as éticas. Afora isso, é a franqueza amorável do acolhimentoe da relação, a consabida «morabeza».252007 E-BOOK CEAUP

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!