19.08.2015 Views

VERTENTES DA INSULARIDADE NA NOVELÍSTICA DE MANUEL LOPES

Vertentes da Insularidade na Novelística de Manuel Lopes

Vertentes da Insularidade na Novelística de Manuel Lopes

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Vertentes da insularidade na novelística de Manuel Lopes«querer bipartido», religiosidade — tantos quantas as vertentes dominantesda dimensão vivencial da insularidade.Observámos que o telurismo assume nas obras estudadas um pesosubstancial e por isso afirmamos agora o infundamentado das críticas de«evasionista» com que em tempos, como é sabido, foi apodado ManuelLopes, juntamente com os seus companheiros de Claridade. Verificámosque o telurismo ressuma da própria linguagem e que, se assistimosa numerosos casos de animização-personificação, também, em sentidoinverso, as ocorrências de uma metalinguagem com base na terra sãofrequentes: ora o homem como centro referencial, ora a terra, nos esquemasmentais do sujeito, revelam de modo veemente a indissociabilidadedas entidades homem-terra no todo uno da natureza.A evasão, em geral polo antagónico do arreigamento telúrico, afigurou-se-nos,não como um desejo de aventura, um salto no desconhecido,a sofreguidão de novos horizontes, mas como o resultado deuma insatisfação, a premência (às vezes a coacção) de uma mudança.Observámos que, segundo Manuel Lopes, a partida acaba, em geral, pornão trazer a solução esperada, mas por abrir novos problemas, em queo desenraizamento não será dos menores. Verificámos a existência deoutras modalidades de evasão, como a alienação, de que salientámos aindiferença, o álcool, a loucura, a corrupção. Em suma, a evasão é umprocesso atávico de imolação desumanizante.A cisão que o dilema instala entre «querer partir e ter de ficar» ou«querer ficar e ter de partir» inscreve-se de forma irremediavelmente«inconsútil» (diria Manuel Bandeira ou Jorge de Lima) no espírito desujeitos do enunciado como Mané Quim ou Joquinha. A dor de tal cisãopressupõe uma intensa ligação telúrica e identifica-se com a consciênciada partilha do sujeito; como Orfeu, Ícaro, Prometeu ou Sísifo — vencera insularidade, a sua própria dimensão, implica, na amputação de umaparte do sujeito, a crise da sua própria identidade.Concluímos que o «querer bipartido» radica na própria busca daidentidade de um povo: é a «Encruzilhada» crioula, condição da caboverdianidade(cf. M. Lopes, «Encruzilhada», p. 185 deste trabalho).Observámos que a religiosidade das personagens de Manuel Lopesé uma atitude que, projectando os sujeitos na sua funcionalidade social1972007 E-BOOK CEAUP

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!