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VERTENTES DA INSULARIDADE NA NOVELÍSTICA DE MANUEL LOPES

Vertentes da Insularidade na Novelística de Manuel Lopes

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Maria Luísa Baptista«— Sempre eu vou esperando...» (CB, p. 17).Entretanto, é o tímido Mané Quim, como seria previsível, quem maisfundamente se ressente da fractura; a timidez, adjuvante da indecisão,agudiza e prolonga a inquietude que crescerá até à angústia:• «Como se o remorso, e uma prematura saudade começasse a minar-lhea consciência.» (CB, p. 20).• «Eu não disse que ia nem que não ia. Tenho mais vontade de ficaraqui.» (CB, p. 27).E logo, reiteradamente, na mesma página ainda:«— Quem disse que eu vou? Quem te disse que eu vou?».182Convirá sublinhar entrementes que os vectores dilemáticos não sãoem rigor simétricos em Mané Quim. Isto é: enquanto o «querer ficar»é uma constante (nem aquando da proposta que o padrinho lhe apresentase lhe nota qualquer entusiasmo, mas tão-só o constrangimento, aincapacidade da sua delicada rejeição imediata), o «ter de partir» é umimperativo extrínseco à sua decisão, melhor à sua iniciativa. Saber-se-áque são forjados pelo próprio Joquinha os motivos causadores do desapontamentoque leva à decisão. É uma atitude de última hora, e não umelaborado processo a culminar num «ter de partir».«Querer bipartido» é crise, instantâneo a ultrapassar, ou emergênciavisível, meteoricamente visível, de uma realidade atemporal submersa?Tal problema já o abordámos atrás, em 4.2. Consideremos ainda: comocrise, pressupõe infalivelmente um passo subsequente de superação. Nasegunda hipótese, pressupõe também um ritmo periódico, pendular, fluxoe refluxo, como o mar: um certo fatalismo de retorno.Cremos que «querer bipartido» é um mal crítico e crónico em simultâneo:CB ilustra o afloramento de um atavismo e não uma eventualidade,fruto exclusivo do poder de criação estético-literária de Manuel Lopes.Um condicionalismo permanente, que em si não experimenta alte-E-book CEAUP 2007

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