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VERTENTES DA INSULARIDADE NA NOVELÍSTICA DE MANUEL LOPES

Vertentes da Insularidade na Novelística de Manuel Lopes

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Maria Luísa Baptistadividual, de libertação; e como tal se entenderá, em paradoxo apenasaparente, a recusa e a evasão. A consciência e a não aceitação passiva damorte quotidiana que o condicionalismo em que vivencialmente se inserevai impondo de modo silencioso, em resumo — a inadaptação social— configura-se na plataforma (de revolta?) que catapultará o indivíduopara um horizonte outro, ou tão só para a ânsia/sonho de um horizonteoutro, para uma realização outra de si. Este impulso evasivo pressupõea morte dos valores vigentes por implícita substituição de novos credos.(Cf. a ‘tese’ da personagem Lourencinho: «Quem vai longe não voltamais. O corpo pode um dia voltar, mas a alma, essa, não volta mais.»— CB, p. 57).O desejo de mudança, sintomático de um mal-estar — quer ambientalquer intrínseco ao sujeito, ou de ambos simultaneamente —, podeindiciar também uma vitalidade salutar, uma exigência de melhoria decondições de vida, porque movido de um optimismo imanente. Mas nãoprovém propriamente de um apelo turístico de exotismo. Em última análise,quando a insatisfação, mais ainda do que as carências, atinge grauelevado, poderá constituir-se na alavanca decisiva, pelo próprio facto deo indivíduo crer ter pouco a perder na jogada que arrisca, na projecçãode si próprio para o desconhecido.«Não sei se já notaste que é quando a gente tá chateado que a gentetoma resolução. Quem não tá chateado tá bem da vida. Não procuramudar.» (CB, p. 132).168Analisada a situação, verificado o desequilíbrio entre o sujeito e omeio, verificada a incapacidade individual de reorganização do que setornara ambiental e socialmente do domínio do caótico, a deslocação dosujeito aparece como a solução, difícil e dolorosa mas acessível, do conflitoinstalado.«Pois digo e torno a dizer, um dia salto do bote e nado pró largo, praproa dum vapor. Tenho a certeza que o vapor me salvará e me levará pralonge.» (CB, p. 133).E-book CEAUP 2007

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