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VERTENTES DA INSULARIDADE NA NOVELÍSTICA DE MANUEL LOPES

Vertentes da Insularidade na Novelística de Manuel Lopes

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Vertentes da insularidade na novelística de Manuel LopesMitizaçãoA dimensão mais acabada do telurismo parece-nos ainda a da mitização,se bem que os exemplos sejam raros:«Mãe Joja explicou então que as feiticeiras ficam amarradas quandose emborca a vasilha por onde bebem.» (CB, p. 77).A alusão a elementos de um maravilhoso local — as feiticeiras e a superstiçãoque as envolve — poderá indiciar (/justificar?) a necessidadetornada lenda de fixação à terra. Será o laço que as prende à terra o responsávelpelo impedimento da prossecução da marcha, ou da evasão.Metalinguagem‘Laço’ (e outros lexemas do mesmo campo) é, de resto, metáfora frequenteem CB:• «Esta esperança era um laço.» (CB, p. 76).• «[...] enquanto o laço se não desfizesse, ou se não quebrasse o fioque o amarrava àquele sonho...» (CB, p. 76).• «[...] quanto era rija a laçada que essa terra, [...] lhe passara aospés.» (CB, p. 76).• «Agricultura é uma maldição, fica sabendo. É uma laçada que vaiapertando, apertando.» (CB, p. 80).É que a instância telurismo não revela só atitudes ou sentimentos;como vimos vendo e veremos, os próprios processos discursivos— animização-personificação, comparação, metáfora — denunciam-na.Exemplificando:161• «Tantas lágrimas tinham deslizado pela face que formaram aquelaruga vertical, singularmente dolorosa como a água das chuvas cavandoribeiro, deixando a sua marca na fisionomia da paisagem.» (CB, p.30) (6)2007 E-BOOK CEAUP

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