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VERTENTES DA INSULARIDADE NA NOVELÍSTICA DE MANUEL LOPES

Vertentes da Insularidade na Novelística de Manuel Lopes

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Maria Luísa BaptistaO telurismo confirma-se então como o discurso do diálogo homem--terra, discurso da reciprocidade, relação de pares, relação parental,fraterna, entre entidades diversificadas de uma única proveniência, umtodo, a terra mater.Entretanto, a prossecução da análise pôde revelar ainda de formamais evidente em FVL que a cissiparidade, por morte ou desenraizamentode um dos elementos da célula homem-natureza implica por arrastamentoa morte do outro. Tal o sentido geminal que parece lícito atribuirà personificação na sua funcionalidade íntima, como já atrás tínhamosdeixado expresso (v. 5.1.1. — «Tópicos de trágico», p. 76 deste trabalho).Esta perspectiva parece ver-se confirmada de algum modo no sentidoda «metonímia narrativa», a que acima aludíamos (5.4.1. — «Do espaçofísico», p. 111 deste estudo), citando Philippe Hamon: o ambientepela personagem ou a personagem pelo ambiente (Mané Quim, José daCruz, Leandro) configuram efectivamente uma autêntica equivalência,potenciam a sobreposição ou a substituição dos termos.Aforismos160Os aforismos representam, como é sabido, a cristalização de um saberempírico, cristalização típica da transmissão oral em sociedades inicialmenteiletradas. São variados os processos mnésicos próximos dos dapoesia e não é por acaso que as literaturas começam por textos poéticos—, e deles destacamos a rima, o ritmo, o paradoxo, etc.. O que é particularmentecurioso no adagiário que Lopes selecciona em conformidadecom os seus imperativos estético-narrativos, é que os adágios remetempara um fundo de um imaginário colectivo em que muito frequentementeestão presentes a terra e a água. Exemplificando:• «Olho do dono é o melhor estrume.» (CB, p. 57).• «Quem larga a terra perde a alma.» (CB, p. 59).• «[...] quem mais sede tem com mais água sonha.» (FVL, p. 38).• «[...] primeiras águas são conta de corvo.» (FVL, p. 69).E-book CEAUP 2007

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