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VERTENTES DA INSULARIDADE NA NOVELÍSTICA DE MANUEL LOPES

Vertentes da Insularidade na Novelística de Manuel Lopes

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Maria Luísa Baptista«Fiz bem o que fiz? Que devo fazer agora para, sem sair fora do caminhotraçado pelo Destino, fazer o melhor que devo fazer?» (p. 132).• O abatimento de José da Cruz, motivado pela sua situação dedesemprego, pontuado entretanto, de um teimoso esgar de esperança(pp. 139-140).• O desalento generalizado entre a massa dos retirantes — longa passagementre as pp. 142-145 em que, por estranho que pareça, na hora dafome, o tema é (além do da morte), o da comida. Há aqui trechos dispersosdos ditos da multidão, mistura de algumas frases entrecortadaseventualmente a consignar como tentame embrionário de uma ‘escritaautomática’. Dir-se-ia que o ‘contágio’ interindividual se traduz numa intensificaçãoda expressão da dor. O discurso de cada um é, por osmosede uma situação de forçada solidariedade, o discurso de todos em simultâneo.Um coro.• A amargura de José da Cruz, que monologa sobre o absurdo da suasituação-limite:«Agora nada lhe importava. Não sabia para que lado estava a vida,nem sabia por que se tinha sentado ali à sombra daquela árvore, quecaminho seguir; não compreendia por que passavam essas mulheres nocaminho com sacos à cabeça, esses burros com carga no lombo. Se estendesseo corpo, pensou, não acordaria nunca mais» (pp. 214-215).132• A tensão emocional crescente de Leandro quando se avolumam dúvidasquanto ao seu possível envolvimento num crime (pp. 235 e sgs.).• O vão apelo final de Leandro a Libânia (pp. 257-258):«Para onde foste criatura? Estes caminhos não são para os teus pés.Alguma canhota tá à espera do dia nascer, para voar à roda do teu corpo,como naquela tarde em que a mão de Deus levou este homem solitáriopara junto de ti? Vem aqui. Vem aqui. Traz o sarrão aqui. Mete a mãoe vê o que tá lá dentro. Mas por amor de Deus vem curar a ferida queE-book CEAUP 2007

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