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VERTENTES DA INSULARIDADE NA NOVELÍSTICA DE MANUEL LOPES

Vertentes da Insularidade na Novelística de Manuel Lopes

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Maria Luísa Baptistasente embora, é subtil, não central, voz mais abrangentemente constatativado que voz da revolta ou sequer da reivindicação. É certo que, porexemplo, nhô Jaime Álvaro e Miguel Alves se apresentam como figurascontroversas do patrão:• «— Aqui o senhor Miguel Alves veio ver estas terras, nhô Isé — informouo rapaz quando entraram para o terreiro.— Quais terras? perguntou o lavrador de queixo estendido paraNhinhô, sem deixar de observar de soslaio o recém-vindo.— Estas — insistiu o rapaz. Foi nhô Jaime Álvaro que mandou. Eledisse pra você mostrar. Naturalmente ele quer vender...Josê da Cruz trocou um olhar interrogativo com a mulher, depoisdo que, guardou curto silêncio.— Nhô Jaime não avisou. Não sei de nada.» (pp. 76-77).• «[...] Dono novo é mau destino na vida do lavrador. Vem cheio desoberbindade, dando ordens, metendo o nariz em tudo, querendo saber...Nunca gostei desta história de dono novo. Este, então, não gosteimuito dele. — Zepa fez uma pausa para tomar fôlego, e mudou de tom.— Não sei porquê nhô Álvaro há-de vender as suas terras. Lá porqueano passado não foi de fartura, todos os anos não vão ser ruins. É umhomem também que só quer meter no surrão, venha a nós o vosso reino.Eu se fosse ocê ia logo ter com ele. Prometeu vender a ocê a Covoada eagora mete outro de permeio... (p. 84).128André Soares, por seu lado, manda, como outros, recolher os rebanhosquando soa a hora do flagelo e antes que proliferem os assaltos,sem, todavia, cuidar de modo algum da condição do pastor, Leandroneste caso, que se tornará um «mascarado» (pp. 116-117).Analepticamente, o leitor é informado de que o filho de nhô Teodorose ligara outrora a Zepa (ou se servira dela), até que, quando ela engravida,se desinteressa da relação e a abandona (p. 68).Libânia foge de casa para não ser a vergonha da mãe, quando a professoraMaria Alice descobre que a menina lhe tirara uma lata de doce decoco: «— Mas por causa duma lata de doce de coco — e foi só um bocadinho— tou pr’aqui agora a dormir num buraco de rocha» (p. 193).E-book CEAUP 2007

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