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VERTENTES DA INSULARIDADE NA NOVELÍSTICA DE MANUEL LOPES

Vertentes da Insularidade na Novelística de Manuel Lopes

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Vertentes da insularidade na novelística de Manuel Lopesansiedade de superar uma situação difícil reúne de novo as pessoas nocompanheirismo da marcha.Qualquer uma das atmosferas sociais referidas conflui no delineamentodo perfil de actuação do povo como personagem colectiva. Comojá tivemos ocasião de referir (cf. pp. 108-109), as instâncias Personagem— Espaço — Tempo apresentam uma funcionalidade de recíproca caracterização,estruturalmente relevante. Com efeito, as mencionadas categoriasapenas são isoladas, por artifício descritivo da análise.Os exemplos de espaço social citados reportam-se todos à «Primeiraparte» de FVL. Se, entretanto, considerarmos o ambiente da estrada oude Porto Novo («Segunda parte»), poderemos notar que, ao contráriodo que ocorria na «Primeira parte» (espaço da ruralidade), as situaçõesfocadas sublinham o egoísmo de uma desesperada luta pela sobrevivência,salientam o descarnamento radical da afectividade. Concha, mulherde João Felícia, morre; desorientado, ele divaga sem rumo com Joaninhae, quando regressa ao funco, dá-se conta de que os seus parcos benstinham já desaparecido. Outros casos: a suspeição que arbitrariamenterecai sobre Leandro como autor alegado de um homicídio, a recusados caixeiros de Porto Novo de lhe venderem as prendas para Libânia,o linchamento, reflectem uma atmosfera de intolerância latente, que éconsequência da insustentável situação de miséria geral («carestia») ecausa de agravadas iniquidades.Esta desgraça, que atrai a desgraça e busca um bode expiatório(Leandro), inscreve-se no clima trágico que se respira ao longo de todaa acção de FVL, acção cuja densidade se intensifica, por acumulação,inexoravelmente.Verifica-se, pois, que o medo individualiza as reacções, enquanto aesperança propendia à solidariedade dos gestos. Daqui se pode inferirtambém o carácter dinâmico do «espaço social».Observa-se, por outra parte, que, se acima aludimos a «uma atmosferade intolerância latente» é porque não parece muito nítida, nestecampo, uma delimitação entre o espaço social e uma comum atmosferapsicológica.Do espaço social diríamos ainda que em FVL ele não se assume praticamentecomo signo ideológico da desigualdade social. A denúncia, pre-1272007 E-BOOK CEAUP

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