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A MILENAR ARTE DA ORATURA ANGOLANA E MOÇAMBICANA

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

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A Milenar Arte Da Oratura Angolana e MoçambicanaAspectos Estruturais e Receptividade dos Alunos Portugueses ao Conto Africanoacordo com as questões e orientações dadas pelo ouvinte. Nos dias dehoje, seria muito questionável o uso deste método de recolha de contos.Sabemos que para se proceder a qualquer recolha de um discurso oral,não podemos fazer qualquer intervenção durante a sessão, com o riscode estarmos a manipular o discurso ou a perturbarmos o pensamento doinquirido. Todo o contexto é explicado anteriormente ao informador e,só depois, se procede à gravação/anotação. Sobre esta questão, MariaTeresa Meireles considera que as pessoas em todos os tempos e lugarestêm contado histórias. Na tradição oral, a narrativa inclui o narrador e aaudiência. O narrador cria a experiência, enquanto a audiência depreendea mensagem e cria imagens mentais pessoais a partir das palavras ouvidase dos gestos vistos. Nesta experiência, a audiência torna-se co-criadora daarte. Narradores, por vezes, dialogam com a audiência, ajustando as suaspalavras em resposta aos ouvintes e ao momento. A literatura oral é umaforma de arte improvisacional por vezes comparada à música. Geralmente,um narrador não memoriza um conjunto de textos, mas aprende umasequência de incidentes “roteirizáveis” que formam um arco narrativosatisfatório (uma trama) com um início, meio e fim distintos. O narradorvisualiza as personagens e cenários e então improvisa o fraseado. Porconseguinte, nunca duas narrativas de uma mesma história oral serãoexactamente iguais. O método de recolha de histórias, apresentado porJunod, apresenta-nos a dúvida da influência do pesquisador sobre o materialque recolhe e a sua autenticidade. Esta dúvida desfaz-se quando lemosdeterminados contos e verificamos a presença de vocabulário “estranho”à realidade africana (hortaliças, legumes, cântaro, capitão, tenente, cavalariças,etc.) e certas incongruências ao nível estrutural das narrativas (amudança do nome de uma personagem a meio da história, a presença deduas histórias no mesmo conto, sem qualquer ligação entre as duas).974.2.7. Os informadoresJunod apresenta na sua obra os informadores com os quais trabalhou, talcomo Chatelain. Nos dois casos, os contistas são homens e mulheres queviviam na zona hinterland, região nas redondezas de Maputo e Luanda. Um2009 E-BOOK CEAUP

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