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A MILENAR ARTE DA ORATURA ANGOLANA E MOÇAMBICANA

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

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A Milenar Arte Da Oratura Angolana e MoçambicanaAspectos Estruturais e Receptividade dos Alunos Portugueses ao Conto AfricanoNão! Ouvi-o de fulano ou cicrano. Eles também não o inventaram; é umatradição que vem dos antepassados, de muito, muito longe! Dos temposmais antigos. Ainda se compõem cantos mas se alguém tivesse a ideia decriar um conto novo chamavam-lhe pateta e louco”. Com a reproduçãoda resposta de um dos narradores à questão colocada, surge-nos, deuma forma ainda que rudimentar, a explicação da origem das narrativasorais. Na opinião de Junod, a produção de contos terminou ou, pelomenos, os que correm actualmente, são composições antigas datando detempos passados. Constata ainda a existência de um fundo comum noscontos recolhidos entre as diversas tribos: os mesmos incidentes, o mesmohumor, a presença dos mesmos seres fantásticos, todos estes elementosencontram-se nas tradições ronga e zulo. Pressupõe daí que o povo origináriodo qual descendem os bantos actuais possuía já essas tradiçõese que, na sua ulterior dispersão, as diferentes tribos levaram-nas comoparte de uma herança comum. Mas este folclore não se manteve estereotipadodurante os séculos, tem evoluído de acordo com as circunstânciase lugares. Os narradores servem-se de certo processo literário segundoo qual introduzem na narrativa características extraídas da sua própriacondição e localidade na qual se encontram de momento. O acréscimo deelementos como dinheiro, roupas, perfumes, começam a figurar em contosautóctones, como característica puramente exterior. Procedem ainda anovas combinações e agrupamentos dos dados fornecidos pela tradição.Quanto aos processos literários dos contadores de histórias negros,à primeira vista a exposição parece monótona e insípida, as repetiçõesabundam, verdadeiras redundâncias, entendidas, segundo o autor, comoinsistências em palavras melodiosas, em refrões melódicos, para que lhesseja dado o justo valor. O folclore ronga tem também como particularidadecurtas melodias, muito simples, puras cantilenas, com as quais se dá ênfaseà narração. Estes pequenos cantos têm, por vezes, uma dimensão arcaicae Junod acredita que se transmitem de um narrador a outro com maisexactidão do que as restantes partes da narrativa. Estas melodias talveztenham sido o vigamento para os contos ao longo dos tempos, permitindorecordarmo-nos deles.A questão do talento dos contadores de histórias é analisada porJunod, começando por referir que nem todos os contadores têm o mesmo952009 E-BOOK CEAUP

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