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A MILENAR ARTE DA ORATURA ANGOLANA E MOÇAMBICANA

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

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Susana Dolores Machado Nunes88Ba-ka-nengue-munue, pessoas de uma só perna. Constatamos tambémesta particularidade nos contos angolanos (conto I, versão A). A noção deChitukulumukumba, ainda que um tanto imprecisa, corresponde portantomuito melhor à dos termos «ogre» e «papão» do que à de «canibal». Nelasentra incontestavelmente um elemento do maravilhoso, nada existindo,pelo contrário, de semelhante na ideia que fazemos de um antropófagovulgar. Na categoria de contos de papões, Henri Junod inclui as históriastípicas de Nhandizumula-ndenguela e Ngumba-ngumba que podem serimportações dos zulos. Terminam as duas histórias com a típica operaçãocirúrgica que devolve ao mundo as pessoas engolidas. A narrativa Nuamubia,uma das mais circunstanciadas e pitorescas de todas, põe em cena umrapaz prodígio que destrói o clã inteiro dos Chihubulêbabi. Por esse motivopoderia ser incluído no grupo anterior, na opinião de Junod. Finalmente,a história de Namachukê, intitulada “A Curiosidade castigada”, é já umconto moral. Estes personagens terríficos figuram, em segundo plano, emmuitos outros contos. Dos quarenta contos recolhidos aparecem papõesem pelo menos quinze.Na 4ª classe, contos morais, que têm por fim dar uma lição moral, asmás acções ou os maus caracteres encontram justa punição. Aceita-se aopinião de que os contistas da África Austral tenham alguma vez propósitosmoralizantes. Pela recolha e análise efectuada, Junod considera que nãorestam dúvidas de que um grande número das histórias foi concebido etransmitido de geração em geração, com o intuito de criticar certos tiposde pessoas que disso estavam particularmente necessitadas. Lourençodo Rosário, no estudo realizado sobre a literatura de tradição oral, noVale do Zambeze, considera que estas narrativas são o reservatório dosvalores culturais, educativos, sociais, político-religiosos, económicos decomunidades com raízes e personalidade regionais e a sua importânciaadvém do seu carácter exemplar. No conto de Namachukê assiste-se aocastigo da curiosidade feminina, a inveja dos companheiros de viagem deMutipi e a obstinação da mulher de Sidiulu foram devidamente punidas.Sob este título foi reunida uma quinzena de narrativas nas quais a intençãomoralizadora é ainda mais evidente. Novos e velhos, pais e filhos, todosencontram avisos salutares. Os seis primeiros contos destinam-se à geraçãodos jovens: em “A rapariga e a baleia” versa-se o tema da crueldadeE-BOOK CEAUP 2009

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