19.08.2015 Views

A MILENAR ARTE DA ORATURA ANGOLANA E MOÇAMBICANA

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Susana Dolores Machado NunesEssa tradição oral mergulha nos mitos, lendas e contos da cultura dediferentes povos de diferentes locais do mundo: os povos orientais quechegaram ao Ocidente medieval via rota das especiarias (contos egípciosdo rei Quéops, o corpo das histórias indianas Pañcatantra), do patrimóniogreco-romano, reabilitado pela cultura medieval europeia (fábulas deEsopo, os Contos milesianos atribuídos a Aristides de Mileto, Amor e psiquêde Apuleio, inserido na obra Metamorphoseon), ou ainda do contributo dacivilização árabe no Sul da Península Ibérica, como os contos Alf layla ulayal, que os tradutores ocidentais traduziram por As mil e uma noites.De facto, actualmente, o conto é visto como uma forma literária reconhecidae recurso de muitos escritores, que entendem o conto como umgénero que “preserva aquilo que o romance perdeu” (Borges, 2002: 51).Ultrapassada a questão da menoridade do género, atentemos na seguintecitação:Ainda que partilhando traços comuns, geralmente destacados por todasas teorias da narrativa breve, múltiplas formas assume o conto na actualidade,ora aproximando-se, pelo assunto e pelos recursos narrativos, doreal quotidiano, ora revalorizando a memória do sistema literário pelareactualização de mitos ancestrais ou mesmo do fabulário. Em qualquerdestes dois últimos casos, fá-lo reenviando a um espaço e tempo longínquos,ou seja, ainda segundo a «fórmula mágica»: «há muito, muito tempo» e«muito, muito longe» (Goulart, 2003: 13). 1974A citação, não tendo em conta critérios de extensão para classificaçãode uma obra literária, anota a particularidade da função dominante da fórmulana constituição e no funcionamento do policódigo da literatura oral.“No plano paradigmático, as fórmulas constituem verdadeiras unidadessemióticas das culturas primariamente orais, (…) facilitando a memorizaçãoe a performance dos textos, propiciando o bom entendimento entreo emissor e a audiência” (Aguiar, 1990: 140-141).No conto, a sua capacidade de ser memorizado é o garante da suasobrevivência e, para isso, as suas regras não podem ser subvertidas. Existe19Goulart, Rosa Maria, “O conto: da literatura à teoria literária.”, in Forma breve 1, 2003, Aveiro,Universidade de Aveiro: 9-16.E-BOOK CEAUP 2009

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!