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A MILENAR ARTE DA ORATURA ANGOLANA E MOÇAMBICANA

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

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A Milenar Arte Da Oratura Angolana e MoçambicanaAspectos Estruturais e Receptividade dos Alunos Portugueses ao Conto AfricanoHenri Junod, na obra Cantos e contos dos ronga, tem por base na suaproposta de classificação não os motivos temáticos, mas as acções das personagens.Assim, perante o leque de flores e sem pretender classificar os contosde forma rígida, Junod apresenta uma tipologia de cinco categorias parafacilitar a compreensão do leitor. Os Contos de Animais, mencionados emprimeiro lugar, como sendo a parte mais original e preciosa do folclore ronga.Celebram os feitos da lebre, do sapo da areia, do camaleão, até mesmo daandorinha, nas suas andanças com grandes animais - grandes e estúpidos - taiscomo o elefante, os antílopes e... o homem. Na segunda categoria, aparecemsobretudo seres humanos, crianças, indigentes, que, pela sua inteligênciaou por virtude de auxílio sobrenatural, triunfaram do menosprezo com queeram tratados e obtiveram sucessos milagrosos. Intitulam-se Sabedoria dosPequenos. A categoria das Histórias dos Papões (Ogros), apreciadas pelascrianças, onde se celebra a sabedoria das criaturas fracas sobre esses monstroshorríveis e cruéis. Os Contos Morais, as histórias de onde se extrai uma lição,embora os narradores nem sempre se apercebam disso e não pensem de modoalgum em termos de moral. E, finalmente, os Contos Estrangeiros, compostossob influência quer de negros de outras tribos, quer de indianos ou árabes,numerosos na região ou ainda de portugueses. Neste caso, é difícil saber atéque ponto estas histórias são autóctones.Sob esta aparente diversidade descobre-se facilmente a presença deuma ideia essencial na base de todo o folclore ronga e talvez africano - ado triunfo da sabedoria sobre a força. Para ilustrar esta tese, os contistaspõem em cena animais dos mais pequenos, dos mais fracos, para heróisdas suas narrativas. Por exemplo, a lebre é o animal esperto, manhoso,espírito fértil em expedientes; o sapo da areia, calculista e ponderado; ocamaleão, prudentemente cauteloso. A mesma ideia aparece na Sabedoriados Pequenos: aqueles que julgaríamos incapazes, os deserdados, os detestados,acabam por ser mais bem sucedidos do que os seus perseguidorese tornam-se por vezes até os vencedores. Pelo contrário, os Papões querepresentam a força bruta são desacreditados e geralmente partidos emdois. A glorificação da sabedoria nota-se claramente nos contos morais enos contos estrangeiros.Héli Chatelain, na obra Contos populares de Angola, refere que no folcloreafricano predominam as histórias de animais ou fábulas. Acrescenta652009 E-BOOK CEAUP

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