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A MILENAR ARTE DA ORATURA ANGOLANA E MOÇAMBICANA

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

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A Milenar Arte Da Oratura Angolana e MoçambicanaAspectos Estruturais e Receptividade dos Alunos Portugueses ao Conto AfricanoDenise Paulme apresenta uma leitura sobre as relações entre as diferentescategorias da narrativa oral a dois níveis: quando as aventurasdo herói dizem respeito à comunidade como um todo, implicando a suapreservação, a narrativa é estruturalmente mais nítida e a sua função é, incontestavelmente,mítica. Quando as aventuras do herói, dizendo respeitoà comunidade, se situam num plano individual sem preceitos tão rígidos,tendo apenas como preocupação a exemplaridade, a narrativa pode serconsiderada um conto. Nos estudos que realizou de contos africanos,Paulme provou que as diferenças entre mito e conto não são apenas deíndole cultural e religiosa, mas também de índole social:Nos relatos míticos, quando o herói fracassa ou triunfa encarna maisa comunidade que o indivíduo: «Se a falta inicial concerne apenas a um serisolado, trata-se mais de um conto; se concerne a comunidade, trata-se deum mito». 15George Jean, colocando a questão da importância dos contos nassociedades industrializadas, afirma que se verificou uma banalização doscontos, estes tendo apenas a função de entretenimento infantil, perdendo-sea ligação de parentesco com as narrativas sobre as origens. Estassociedades perderam o sentido comunitário. No entanto, alguns vestígiosdessas narrativas teriam sido sistematizados pelas religiões modernas eeruditas, sendo recitados nas cerimónias rituais. O exemplo que o autorapresenta é o «Credo», resíduo mítico sistematizado pela religião cristã:“Esta banalização das narrativas e a consequente transformação em históriasinfantis não passa de um gradual afastamento entre a função socialinicial que elas tiveram e no fundo permanece, e a necessidade de evasãocolectiva e inconsciente a que presentemente estão sujeitas essas mesmassociedades” (Rosário, 1989: 67).Lourenço do Rosário (1989) apresenta dois vectores orientadorespara a explicação da origem das narrativas de tradição oral: a existênciamúltipla e a irracionalidade. No que concerne à existência múltipla, omesmo motivo temático pode ser abordado em pontos tão dispersos domundo, alguns dos quais sem contactos entre si. Comprova, referindoque um camponês de uma aldeia Sioux isolada nas reservas indígenas5115Denise Paulme, citada por Georges Jean, Le pouvoir des contes, Paris, Casterman. Collection Ez.1981, p. 35.2009 2008 E-BOOK CEAUP

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