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A MILENAR ARTE DA ORATURA ANGOLANA E MOÇAMBICANA

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

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Susana Dolores Machado Nunesnovos elementos perturbadores. Exercem funções criativas, incitandoos membros da sociedade a prosseguir projectos novos que impeçam aestagnação e a morte. Esta função inovadora é particularmente notória nosmitos transmitidos (traditi), por ocasião dos ritos de iniciação destinadosa assegurar a renovação dos membros da sociedade.Vladimir Propp apresenta a teoria de que a relação entre as narrativasera de precedência histórica e, tendo em conta o estudo dedicado ao contomaravilhoso, afirma que este, na sua estrutura (base morfológica) e doponto de vista histórico, é um mito. Foi o primeiro estudioso a equacionaro problema da origem e evolução das narrativas, utilizando critérios deanálise morfológica. Nos estudos reunidos em Édipo à luz do folclore,Propp parte de alguns motivos dos contos e procura os seus vestígioshistóricos em diferentes períodos e sociedades que classifica, concluindoque o universo do conto se baseia nas mesmas representações primitivasexpressas na religião. O conto «conserva traços do mais antigo paganismo,dos costumes e dos ritos da antiguidade». 13 Nas sociedades primitivas deagricultores, teriam sido os ritos a suscitar os contos e estes teriam nascidodefinitivamente quando ocuparam o lugar de mito, já no início da formaçãodas sociedades feudais e de tipo capitalista. Tendo em conta a realidadehistórica, a cultura e a religião, é possível afirmar que:50Entre a realidade e o conto existem certos pontos de passagem: a realidadereflecte-se indirectamente nos contos. Um desses pontos de passagem éconstituído pelas crenças, que se desenvolveram a certo nível da evoluçãocultural: é muito possível que exista uma ligação, regida por leis, entre asformas arcaicas da cultura e da religião, por um lado, entre a religião eos contos, por outro. Quando uma religião morre, quando uma culturamorre, o seu conteúdo transforma-se em conto. 14Assim, o autor considerou a estrutura do mito como sendo o campoprivilegiado, porque nítido, para a detecção dos componentes estruturaisda narrativa oral e a forma originária das restantes narrativas de expressãooral.13Vladimir Propp, Morfologia do conto, 3ª ed., Lisboa, Vega, 1992, p. 138.14Ibidem, p. 163.E-BOOK CEAUP 2009

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