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A MILENAR ARTE DA ORATURA ANGOLANA E MOÇAMBICANA

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

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A Milenar Arte Da Oratura Angolana e MoçambicanaAspectos Estruturais e Receptividade dos Alunos Portugueses ao Conto Africanotraços comuns: as narrativas da tradição oral, em geral, estão ligadas à vida,vida entendida como todos os sistemas de elementos que concorrem paraa sobrevivência de uma comunidade. As temáticas destas narrativas (angolanase moçambicanas) comprovam esta questão. Apresentamos algunsexemplos das narrativas do povo ronga (Moçambique) que são elucidativas.Estas são narrativas das quais é possível retirar um código de moral indígenaelementar - o justo castigo de faltas como a inveja, a presunção, a desobediência,o egoísmo, o homicídio, e a bondade, a astúcia e a inteligênciasão recompensadas. São ilustrações do triunfo da sabedoria sobre a forçabruta. No grupo de histórias “A sabedoria dos pequenos”, os simplórios, osdeserdados, os detestados, acabam por vencer na vida melhor do que osseus perseguidores, os quais muitas vezes se tornam benfeitores. Por outrolado, os Ogros, que representam a força bruta, a matéria sem espírito, sãovencidos, castigados pelas suas más acções e geralmente esquartejados (parapermitir a evasão das vítimas que eles tinham engolido). A glorificação dasabedoria ou da bondade é o tema de quase todos os contos.Outro traço é o seu carácter exemplar e pedagógico. O ouvinte consideraa narrativa um objecto de ensinamento (nível implícito do funcionamentoda narrativa), em que são transmitidos os valores e os conhecimentos dos“seus”. Este conhecimento permite ao indivíduo crescer dentro dos valoresda sua comunidade e, mais tarde, transmitir esses mesmos conhecimentosàs gerações vindouras.Outra particularidade relevante é que as narrativas representam umuniverso simbólico, o que lhes permite a ponderação sobre determinadosacontecimentos. Entre o emissor (contador) e o receptor (ouvinte),no momento da narração, estabelece-se uma simbiose comunicativa departilha de uma mensagem comum. Laura Padilha descreve esta situaçãocomo um exercício de sabedoria. “O contador e os seus ouvintes são seresem interacção para quem o dito cria a necessária cumplicidade e reiteraque é preciso ser, na força da diferença, preservando-se, com isso o vastomanancial do saber autóctone” (Padilha, 1995: 14).Estas narrativas têm um carácter universal. Cada indivíduo que ouvea narrativa está apto a compreender que os conflitos apresentados naintriga podem perfeitamente ocorrer no próprio universo do grupo de quefaz parte. O questionamento e a dúvida colocados pelo ouvinte perante os472009 E-BOOK CEAUP

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