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A MILENAR ARTE DA ORATURA ANGOLANA E MOÇAMBICANA

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

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Susana Dolores Machado Nunes42estado adulto da civilização, enquanto as culturas não-europeias eramencaradas como símbolos de um estádio de infância, através do qual aEuropa já tinha passado. Encarada sobre este prisma, a tradição oral eraconsiderada primitiva” (Leite, 1998: 18-19). Marcada pela discussão evolucionista,a antropologia do Século XIX privilegiou o Darwinismo Social,que considerava a sociedade europeia da época como o apogeu de umprocesso evolucionário, em que as sociedades aborígenes eram tidas comoexemplares “mais primitivos”. Esta visão usava o conceito de “civilização”para classificar, julgar e, posteriormente, justificar o domínio de outrospovos. Esta maneira de ver o mundo a partir do conceito civilizacionalde superior, ignorando as diferenças em relação aos povos tidos comoinferiores, recebe o nome de etnocentrismo. É a «Visão Etnocêntrica», oconceito europeu do homem que se atribui o valor de “civilizado”, fazendocrer que os outros povos, como os das Ilhas da Oceania estavam “situadosfora da história e da cultura”.“As teorias evolucionistas contribuíram muito para a dicotomia entreoral e escrito. A literatura oral era encarada como uma manifestaçãoprimária, simples, não sujeita a trabalho reflexivo, e um produto de umacomunidade, enquanto a literatura escrita revelava o oposto, final conclusivode um processo de desenvolvimento: complexa e resultante dotrabalho de um só autor. Esta visão não se alterou muito com a antropologiafuncional. Ruth Finnegan afirma que muitos estudos antropológicosdefenderam que as instituições e produções criativas dos africanos erampuramente funcionais, normativas e com o intuito de manter a ordemsocial” (Leite, 1998: 19). “Its central theoretical interest was, at root,the functional integration and maintenance of society: and items of oralliterature were regarded as relevant only in so far as they could be fittedinto this framework” (1970: 38).A antropologia estrutural nasce na década de 40 e o seu grande teóricofoi Lévi-Strauss. Este centraliza o debate na ideia de que existem regrasestruturantes das culturas na mente humana, e assume que estas regrasconstroem pares de oposição para organizar o sentindo. Para fundamentaro debate teórico, Lévi-Strauss recorre a duas fontes principais: a correntepsicológica criada por Wilhelm Wundt e o trabalho realizado no campo dalinguística por Ferdinand de Saussure, denominado Estruturalismo. Influen-E-BOOK CEAUP 2009

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