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A MILENAR ARTE DA ORATURA ANGOLANA E MOÇAMBICANA

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

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A Milenar Arte Da Oratura Angolana e MoçambicanaAspectos Estruturais e Receptividade dos Alunos Portugueses ao Conto Africano2.2. A <strong>ORATURA</strong> AFRICANAQuando chegaste mais velhos contavam estórias. Tudo estava no seu lugar.A água. O som. A luz. Na nossa harmonia. O texto oral. E só era texto nãoapenas pela fala mas porque havia árvores (...). E era texto porque haviagesto. Texto porque havia dança. Texto porque havia ritual. Texto faladoouvido visto. É certo que podias ter pedido para ouvir e ver as estórias queos mais velhos contavam quando chegaste! Mas não! Preferiste disparar oscanhões (Manuel Rui, “Eu e o outro – o invasor”, 1985).A sequência textual de Manuel Rui descreve o abalo causado pela chegadade um elemento estranho, o colonizador. O texto era oral, gesto, dança,ritual e era para ser falado, ouvido e visto. Contudo, o invasor não percebeuesta realidade e respondeu com o tiro de canhões.O interesse pelo estudo do texto oral africano começou nos finais doséculo XIX, “enquadrada pela actividade colonial e pela curiosidade exóticaque as explorações científicas e económicas de África vieram despertar,quer na Europa quer nos Estados Unidos. No decorrer do século XX, ascolecções e as recolhas cresceram, nomeadamente a partir da décadade sessenta” (Leite, 1998: 18). Para esta autora, este fenómeno decorre,em parte, do acesso à independência da maioria dos países africanos nadécada de sessenta e do desejo de conhecimento e revalorização do seupatrimónio oral. A antropologia dominou o estudo das culturas africanas.As primeiras grandes obras da antropologia consideravam, por exemplo, oindígena das sociedades não europeias como o primitivo, o antecessor dohomem civilizado, afirmando e qualificando o saber antropológico comodisciplina, centrando o debate no modo como as formas mais simples deorganização social teriam evoluído. De acordo com essa linha teórica,essas sociedades caminhariam para formas mais complexas como as dasociedade europeia. “Modelos e concepções antropológicas moldaram aapreciação dos europeus em relação à vida e cultura africanas. As teoriasevolucionistas, cujas origens podem ser procuradas desde a antiguidadegrega, passando por Pascal e pela filosofia do século XVIII, deram origemàs premissas de estudos como La Mentalité Primitive, de Lévy-Bruhl, ouPrimitive Culture, de Tylor. Nestes estudos, a Europa exemplificava o412009 E-BOOK CEAUP

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