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A MILENAR ARTE DA ORATURA ANGOLANA E MOÇAMBICANA

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

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Susana Dolores Machado Nunes38reuniam um conjunto de histórias com longa tradição oral, contadas erecontadas publicamente, sem intervenção autoral. Todas as obras quese seguiram (líricas, tragédias, epopeias) tinham-nas como referência,estabelecendo relações de conteúdo, de organização narrativa, com ospoemas homéricos.No estudo de comunidades étnicas e de nações confrontadas com umasituação política de mudança e renovação de parâmetros ideológicos,julgamos não poder ficar pelo estudo da produção escrita, “tal é o pesoda Tradição oral nas actividades culturais e artísticas do povo de Moçambiqueque para chegarmos à compreensão do sentido da escrita teremosnecessariamente que passar pela oralidade. Quer isso dizer que, na actualidade,a literatura escrita só toma o seu sentido de moçambicanidade,na medida em que não se pode ignorar essa realidade” (Rosário, 1986:5). Entendemos que este tipo de abordagem se revela especialmente produtivona análise e comparação de literaturas provindas de espaços ondetenham existido contactos inter-culturais e inter-raciais – como é o caso dosterritórios em situação de colonização e pós-colonialismo, como Angolae Moçambique, os dois países objecto do nosso estudo. Torna-se evidenteo reconhecimento dos diálogos culturais e civilizacionais implicados peladominação política. Estes diálogos transparecem no fenómeno literário.Temos de encontrar o que há de comum e o que há de específico nessasliteraturas e nessas culturas. O comparatismo vem precisamente evidenciarque não existem culturas fechadas em si mesmas, estanques ao contacto einfluência daquilo que lhes seria alheio – os modelos culturais estrangeiros.A obra Cantos e contos dos ronga apresenta um capítulo intitulado «Contosestrangeiros», onde o compilador, Henri-Junod, reuniu oito contos queprovêm total ou parcialmente de fontes estrangeiras.As literaturas africanas modernas, na sua forma escrita, nascemintrinsecamente ligadas à experiência da colonização, uma vez que,como é sabido, a arte verbal tradicional se exprime através da oralidade.Comparar significa, pois, nestas circunstâncias, “conhecer a diferençacosmogónica e ontogónica manifestada por essas literaturas que, naorigem, partiram de uma matriz comum” (Trigo, 1990: 146). O estudoe a inteligibilidade dos textos da literatura africana passa, “a maiorparte das vezes, por um bom conhecimento antropológico, linguístico,E-BOOK CEAUP 2009

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