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A MILENAR ARTE DA ORATURA ANGOLANA E MOÇAMBICANA

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

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Susana Dolores Machado Nunes32à estruturação e à recepção do texto diferentes do sistema semiótico daliteratura escrita.Aguiar e Silva afirma que “se atender (…) à obliteração do valor semânticoetimológico de “literatura” e ao facto deste lexema ter passado a significar,para a generalidade dos falantes de várias línguas, “arte verbal” e se se tiverem conta o condicionalismo linguístico decorrente do seu uso tradicional,quer nos meios científicos, quer no público comum, as expressões “literaturaescrita” e “literatura oral” podem e devem continuar a ser utilizadas” (Silva1986:137). Assim, para designar o conjunto destes textos, é frequente a adopçãoda expressão “literatura oral” (Chemain, 1985; Rosário, 1989).A questão do conceito de “literatura nacional”: numa acepção tradicional,“literatura nacional” identificar-se-ia com “la littérature écritedans la langue d´une nation, d´un people uni, precisément, par sa langueaussi bien que par l´ensemble d´institutions que constituent l´Etat”(Gérard, 1998: 57). Esta definição, esclarece Albert Gérard, pressupõe ahegemonia do modelo de Estado-Nação, concretizada a partir de iníciosdo século XIX e assentando na menorização da diversidade linguística eétnica dentro das fronteiras nacionais. Os dois países em causa, Angola eMoçambique, optaram pela adopção da língua portuguesa como línguaoficial. O português é uma língua não-materna, falada, sobretudo no meiourbano, por locutores que têm línguas da família banto como línguasmaternas. A escolha foi ditada por razões de ordem prática relacionadascom a diversidade linguística dos países.O modelo de Estado-Nação tem vindo a ser questionado tanto pelosmovimentos nacionalistas e regionalistas na Europa e um pouco por todoo mundo como pela formação e desenvolvimento das nações emergentesdo colonialismo. Tratando-se de nações-estado jovens, ainda em processode afirmação mesmo dentro das próprias fronteiras, a problematizaçãode conceitos de “genuinidade” e “autenticidade” vai ao encontro de preocupaçõestípicas da literatura comparada, agora desafiada pela realidadede nações cuja identidade não poderá residir nem na língua, nem naetnia 4 . Fernando Cristóvão, em “A literatura como sistema nacional”,4Em termos genéricos, definimos etnia como um conjunto de indivíduos que, histórica ou mitologicamente,têm um ancestral comum; têm uma língua em comum, uma mesma religião ou cosmovisão;uma mesma cultura e moram geograficamente num mesmo território.E-BOOK CEAUP 2009 2008

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