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A MILENAR ARTE DA ORATURA ANGOLANA E MOÇAMBICANA

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

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Susana Dolores Machado NunesTransformaçãoEsclarecimento e punição dosinimigos – vergonha e mortedos ratosPartida das outras mulheresIVProvas do herói– O chefe da aldeia envergonhado começou a sentir nojo dos ratos e asoutras companheiras repreenderam-no, ele disse ser uma vergonhapessoas como eles terem dado à luz coisas com cauda e pêlo, elasfi caram vexadas e decidem ir apanhar lenha com os fi lhos.– O chefe diz-lhes para deixarem os fi lhos com ele a brincar. Pegou nelese cozinhou-os, deixando cada um dos ratos num prato à frente dapalhota de cada uma das companheiras.17– Elas contentes comeram, mas apareceu um sapo a cantar dizendoque elas comiam os próprios fi lhos, não entenderam e só à noite,quando não encontravam os fi lhos, perceberam o que tinha sucedido.Voltaram para as aldeias sem o chefe as reter.– Espalha-se a notícia de que havia em casa da fi lha de Nhembane umjovem maravilhosamente belo, branco e rico.– Aparecem mensageiros (de Mbukuane, Zixaxa, Matola, Chirinda, Nuamba,Ntimane) 18 para entabolar conversações sobre casamento, masSidiulu mandou-os embora, todos falharam.19– Quando aparecem as gentes do Bilene, oferecendo a fi lha de Gungunhana,aparece atrás deles uma rapariga horrível coberta de sarna esujidade, moscas ao seu redor.– Sidiulu recusa as ofertas das gentes do Bilene, mas pressentiu qualquercoisa ao ver a imunda rapariga.– Percebeu que era ela e preparou-a de acordo para o casamento.VCasamentoPartida da mulher contra a vontadede SidiuluProvasCastigo pelo desafi o – morte– Casamento. A mulher era estéril.– Os pais vieram vê-la e trouxeram-lhe uma rapariga para lhe tirar ágado poço, Mbangana.– Passados muitos anos, ela quer ir ver a família, mas Sidiulu diz-lhe paranão ir, pois acha que ela morrerá.– Partida da mulher com Mbangana, durante o percurso, a gente deMabota viu-a e transmitiram a notícia a todos. Mandaram homens noseu encalço.– À mulher e a Mbangana aparecem partes de um corpo suspensas(braço, perna, cabeça, costas, barriga, peito, coração). Mbanganaavisa-a que «é prodígio que apavora» e que deviam estar caladas,mas a mulher bate-lhe, e as partes do corpo prendem-se ao corpoda mulher.24817A pequena canção e as que se seguem são citadas na língua indígena; os nomes de Sidiulu e Siguilaparecem zulos; pode inferir-se que este conto é de origem zulo e foi depois adoptado pelos Thongas que oreproduziram no seu dialecto. Os Rongas tê-lo-iam por seu turno recebido dos Djongas.18Esta história é um exemplo do estilo narrativo característico dos africanos que nos permite ilustraro processo literário segundo o qual o narrador, embora reproduzindo fielmente o conto, o enquadrano seu próprio circunstancialismo, enriquecendo-o com pormenores de carácter subjectivo. ChiguianeCamila, a contista emérita a quem devo este conto, coloca a aldeia de Sidiulu na colina de Lourenço Marquesque ela própria habitava e onde contou esta história. Nela perpassam raparigas de todos os paísesvizinhos: Mabota, Matola, Gaza ou Bilene, a planície do Baixo-Limpopo de que Gungunhana foi chefe até1896. Se Chiguiane voltar a contar esta história , já não mencionará o seu nome e substitui-lo-á por aqueleque tiver tomado então o seu lugar.É assim que na narração indígena os acontecimentos são contados de modo bastante objectivo, semque contudo se hesite em inventar-lhes um enquadramento extraído das circunstâncias locais.19Os africanos dos arredores de Lourenço Marques adquiriram o hábito de comprar nas lojas dacidade pequenos frascos de óleo perfumado. Apreciam bastante este luxo que está fora do alcance doshabitantes do interior, daí fazerem troça dos outros grupos – Chirinda e Mabota.E-BOOK CEAUP 2009

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