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A MILENAR ARTE DA ORATURA ANGOLANA E MOÇAMBICANA

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

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Susana Dolores Machado NunesIII- A EPOPEIA DO SAPO <strong>DA</strong> AREIAFUNÇÕES ESTRUTURAISMOTIVOS234Modelo TipoEstado inicial deequilíbrioSituação de perturbaçãoTransformaçãoElementos TextuaisEstabilidadeInstabilidadeProvas do Sapo – vencedorCastigo – morte da GazelaPrémio – fl auta (ossos)Engano do herói – o hipopótamorouba a fl autaObstáculos – o Sapo ultrapassa-osAdjuvante do hipopótamo –pássaroCastigo – morte do hipopótamoMotivos TemáticosA senhora Gazela preparou cerveja e chamou os seus amigos para aajudar na machamba 1 .Proposta da Gazela de uma corrida até casa – quem chegar primeiro traza cerveja para o outro.– Proposta do Sapo da Areia de uma nova corrida: a Gazela fechou osapo dentro da palhota e este mandou incendiar a palhota.– O Sapo pergunta à Gazela onde se deve esconder, mas não tem onde,o cesto 2 e a panela estão cheios; enterra-se no chão e desapareceu.– Nas chuvas, o Sapo apareceu com as suas mulheres, fi lhos e irmãos eforma um grande círculo de palhotas.– Receio da Gazela, que se afasta, e o Sapo tornou-se seu superior.– A Gazela propõe ao Sapo entrar para dentro da palhota e este devepegar-lhe fogo, a gazela morre queimada.– O Sapo partiu-a em bocados e com os ossos da tíbia fez uma fl auta;começou a tocar e a cantar – apareceram diversos animais: a Lebre,várias Gazelas, o Senhor Leão, o Elefante, o Hipopótamo, a todos oSapo disse que o som vinha de outro lugar, ao pé de uma árvore.O Hipopótamo desconfi ou e descobriu que era o Sapo que tocava.Confrontou-o e este explicou-lhe o que se passara.– O Hipopótamo tenta tocar, mas não consegue e questiona o poderdo Sapo, tirou-lhe a fl auta, fez aparecer um grande rio e passou parao outro lado.– O Sapo perseguiu-o, inchou e foi a boiar até à outra margem, seguiuas pegadas do inimigo 3 .– O Hipopótamo fez com que houvesse muito calor, o Sapo evitou-oescondendo-se na areia e caminhou debaixo de terra.– Aparecimento de vespas e abelhas que o Hipopótamo tinha enviadocontra o Sapo, ele segregou por todo o corpo o seu líquido pegajoso eas vespas voaram para longe.– Colocação de um pântano, que o Sapo transpôs, e nascimento demais um rio, o Sapo parou e construiu uma povoação. Pegou numafolha, atravessou o rio com as suas azagaias e preparou-se para mataro Hipopótamo.– Um pássaro avisa o Hipopótamo e este foge. O Sapo, no dia seguinte,mata o pássaro, mas as penas ressuscitam e avisam novamente oHipopótamo, o Sapo queima as penas e mata o Hipopótamo, corta-o,mas o machado fi ca embotado.1Costume djimo: nas épocas em que há trabalho nos campos, os africanos convocam-se mutuamentepara trabalhar em grupo. Aquele em cujo campo trabalharam oferece cerveja aos seus voluntáriosajudantes. Estará mais tarde a prestar-lhe o mesmo serviço.2Cesto, ngula, encontra-se em quase todas as palhotas dos Rongas, ali se guardam sementes, bensvaliosos, vestuário.3Elemento comum nos contos africanos: nas perseguições, o fugitivo cria obstáculos para retardaro avanço dos seus perseguidores. No conto angolano, Ngana Samba, a prisioneira dos canibais Ma-Kishi,foge e impede os seus inimigos de a alcançar lançando pelo caminho sorgo e sésamo que eles comem comperda de tempo (Chatelain, p. 101).E-BOOK CEAUP 2009

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