19.08.2015 Views

A MILENAR ARTE DA ORATURA ANGOLANA E MOÇAMBICANA

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Susana Dolores Machado NunesConto II – “Dinianga dia Ngombe e o veado”Uma vez Dinianga dia Ngombe pegou numa espingarda e resolveu ir caçar.Penetrando no mato encontrou um veado a comer mudia-mbambi. Aproximou-sede uma árvore, mas não se demorou. Regressou a casa, aguardoua hora de o veado comer, e voltou ao mesmo sítio. Levou a espingarda,chegou ao pé da árvore, trepou e ficou à espreita. Quando viu o veadolevou a espingarda à cara e disparou. A presa caiu redonda no chão. Ocaçador puxou-a por uma perna e acabou de o abater a machado. Tirou dacinta uma faca e principiou a esfolar o veado. Quando supunha o trabalhoconcluído e já tinha a pele nas mãos o veado pôs-se a pé e fugiu com umarapidez vertiginosa. A certa distância parou. O caçador, que conservava apele nas mãos, pensou: que coisa espantosa acaba de me suceder? O veadoque matei deixou a pele nas minhas mãos e fugiu! Dirigindo-se ao veado:Ficarás envergonhado quando chegares junto de teus pais e disserem:Vieste nu! Que é feito da tua pele? A vítima respondeu: A vergonha serámaior para ti, Nianga, quando em casa disseres à família: atirei a um veado,matei-o, esfolei-o e depois ele fugiu deixando nas minhas mãos somentea pele. Dinianga não respondeu, voltou para casa com a espingarda e aíencontrou a mulher e os parentes, a quem narrou o sucedido. Todos seriram dele e assim o veado ganhou a partida.Conto III – “O cão e o chacal”158O chacal costumava ir ao mato acompanhado do seu parente, o cão. Umdia o chacal disse-lhe: Vai às casas à procura de fogo e quando o trouxeresqueimaremos a erva da planície para depois apanharmos e comermos osgafanhotos. O cão concordou, partiu para a aldeia e entrou numa casaonde viu uma mulher a dar papas a um filho. Ele parou, mas não conseguiufogo. A mulher, depois de ter alimentado a criança, raspou a panela e deuos restos ao cão. Perante isto, o cão raciocinou: para que hei-de estar amorrer de fome no mato se na aldeia tenho comida? E resolveu ficar nacasa. O chacal ficou à espera do companheiro, que não voltou a aparecer.Desesperado, pôs-se a uivar, e o povo interpreta o seu uivo como umaqueixa: Eu, chacal de Ngonga, muito me surpreendi que o cão, que foiE-BOOK CEAUP 2009

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!