19.08.2015 Views

A MILENAR ARTE DA ORATURA ANGOLANA E MOÇAMBICANA

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A Milenar Arte Da Oratura Angolana e MoçambicanaAspectos Estruturais e Receptividade dos Alunos Portugueses ao Conto Africanohumilhado. Ao contrário do que comummente se pensa, os contos podemapresentar propósitos moralizantes. Na colectânea dos contos rongas,temos um grupo de narrativas morais, em que todos, velhos e novos,encontram avisos salutares e uma espécie de curso moral elementar. Noscontos angolanos, segundo a classificação apresentada na 2ª parte destetrabalho, deparamo-nos igualmente com contos de temática universal, emque são condenados certos comportamentos, como a ambição, a inveja, aestupidez; contos que funcionam como exemplos de sentenças judiciais,revelando os valores da integridade e da rectidão necessários à organizaçãode qualquer comunidade.No geral, os contos são uma espécie de enciclopédia: eles apresentamos casos mais ou menos problemáticos e propõem «instruções» para osresolver. Com ou sem auxiliares mágicos, o sujeito pretende alcançarsempre determinado objecto, concretizar o seu projecto, graças ao seusaber, aliado à sua experiência de vida.Esta dimensão da transmissão do saber não pode ser apenas conotadacom um tempo passado e anacrónico. O narrador conta muitas históriasem que as personagens se movimentam num contexto nitidamente identificável,em termos históricos. O administrador, os guardas, o comandante,o exército, a prisão são elementos que não pertencem à sociedade africana,na forma como eles são referidos nos contos. Não é difícil compreender queentraram na narrativa africana pela força da presença colonial nas regiões.Contudo, é interessante verificar como o narrador faz o enquadramentoorgânico destes elementos, organizando-os conforme o seu ponto devista. A lebre e o macaco, num conto angolano, disfarçam-se de tenentee capitão para enganar o leopardo. Noutro conto, a lebre, para assustar asmulheres que trabalham no campo, grita: “Ntê! ntê! ntê! O exército vemaí…í…í…í!”. No conto moçambicano, “As aventuras de Djiwaô”, são váriosos indícios do poder dos brancos – Sakatabêla, uma mulher fatal branca,aprisiona todos os habitantes da região dentro das cavalariças, Djiwaô,a determinada altura, é preso pelo governador e obrigado a carregarágua, costume entre os prisioneiros da altura. Todos estes elementos sãointegrados nas narrativas, actualizando a mensagem que é transmitidaao longo dos tempos. Noutro tempo e noutro lugar, o contador usará eintegrará outros elementos que contextualizam e actualizam as narrati-1272009 E-BOOK CEAUP

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!