19.08.2015 Views

A MILENAR ARTE DA ORATURA ANGOLANA E MOÇAMBICANA

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A Milenar Arte Da Oratura Angolana e MoçambicanaAspectos Estruturais e Receptividade dos Alunos Portugueses ao Conto Africano6.4. ALTERAÇÕES AO ESQUEMA CANÓNICO DO CONTOA estrutura dos contos moçambicanos obedece ao seguinte esquema:temos uma SI de estabilidade, perturbada por determinado acontecimento,que desencadeia uma série de transformações. No final, recupera-se asituação de estabilidade, com a recompensa dos heróis e o castigo (mortenos três casos) dos oponentes. Nos 30 contos moçambicanos analisados,temos uma SF de equilíbrio.O conto angolano, “O Kianda e a rapariga”, não obedece à estruturacanónica do conto. Este tem duas sequências narrativas distintas, em queo desenlace da primeira desencadeia o início da segunda. Na primeiranarrativa, temos a SI de equilíbrio, a perturbação que provoca transformaçõese, no final, a situação de desequilíbrio, a morte como castigodas personagens malfeitoras. É de destacar que o facto de uma mulhersobreviver à morte, ficando numa situação de instabilidade (sozinha eisolada), permite ao contador continuar a narrativa. Aparece um Di-kishique a rapta e, mais tarde, devora. Não existe o retomar da estabilidade,o final das duas sequências narrativas é a morte das mulheres que desafiamentidades fictícias, o Kianda e o Di-kishi. Os outros dois contosangolanos obedecem à estrutura arquetipal do conto. A narrativa “Ocão e o chacal” encerra uma explicação etiológica e o conto “O Passadoe o Futuro” transmite uma lição de como encarar a vida e a passagemdo tempo.Nos contos angolanos encontramos narrativas em que não são recuperadasa estabilidade e a tranquilidade iniciais, por exemplo, nos contos “Amulher que desejava peixe”, “O senhor não-me-leves e o senhor não-medigas”,“Mutelembe e Ngunga” e “O leopardo, o antílope e o macaco”.Da análise destas seis histórias, podemos concluir que os contos africanosapresentam uma estrutura que, na generalidade, obedece à organizaçãoarquetipal do conto popular: SI de equilíbrio, que é perturbadapelo aparecimento de um acontecimento destabilizador; transformaçõesdesencadeadas, força rectificadora e, novamente, SF de equilíbrio. Outroscontos apresentam uma relação de inversão entre a SI e a SF e outros,de estrutura complexa, que se caracterizam pela presença de narrativasencadeadas, em que cada uma tem uma SI e uma SF.1252009 E-BOOK CEAUP

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!