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A MILENAR ARTE DA ORATURA ANGOLANA E MOÇAMBICANA

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

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Susana Dolores Machado Nunes124decisão deste ficar entre os homens. Contudo, não é um comportamentopensado e planeado para ajudar directamente o cão na concretização doseu objectivo.Na narrativa moçambicana, “A estrado do céu”, temos, novamente,bem precisos os papéis actanciais. A jovem que parte, devido ao medo deser punida por ter partido o cântaro, durante o seu caminho até ao céu,encontra uma mulher velha, que lhe deu recomendações preciosas para aviagem (1ª adjuvante). Logo depois, encontra uma formiga (2ª adjuvante)que entrou para o seu ouvido. Os conselhos da formiga e as recomendaçõesda velha permitem à rapariga ultrapassar as provas apontadas peloshabitantes da aldeia do céu e regressar à sua aldeia com muitas riquezas. Airmã mais nova da rapariga não age da mesma maneira. Como era invejosa,decide fazer o mesmo caminho que a irmã. Porém, não acata os conselhosnem da velha nem da formiga. Por isso, é castigada e morta. Neste conto,o narrador pretende transmitir uma lição de moralidade: devemos ouvirsempre os mais velhos e agir de forma cautelosa quando deparados comsituações problemáticas. Não devemos ser impulsivos nem invejosos, poisseremos castigados mais tarde por causa dessas atitudes.No conto angolano “O Passado e o Futuro”, a discórdia surge porcausa da posição de um vendedor de vinho de palma relativamente aosnomes próprios de dois homens. Ao tomar uma posição em relação a umdos nomes, “De onde venho”, reprova o nome do outro, “Para onde vou”,tornando-se seu oponente (não lhe vende vinho). A discussão só terminacom a actuação de um juiz, que sentencia contra a posição tomada pelovendedor. A explicação dada no final, «“Para onde vou” é quem tinharazão, porque de onde viemos já nada se pode obter e, pelo contrário, oque se puder encontrar está para onde vou», pretende passar para o públicoouvinte um fim moralizante. Não devemos esperar nada do passado, poiseste já não é recuperável, mas devemos apostar no futuro, onde poderemosencontrar coisas boas se para isso trabalharmos.Em todas estas narrativas é definido, logo no início, o protagonistada intriga, com um objectivo estipulado. Para o alcançar ou resolver, temadjuvantes, objectos ou figuras mágicas, e oponentes, que surgem decorrentesda relação que têm com o herói (podem ser familiares, amigos,personagens que pretendem o mesmo objecto, etc.).E-BOOK CEAUP 2009

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