19.08.2015 Views

A MILENAR ARTE DA ORATURA ANGOLANA E MOÇAMBICANA

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

a milenar arte da oratura angolana e moçambicana - Centro de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A Milenar Arte Da Oratura Angolana e MoçambicanaAspectos Estruturais e Receptividade dos Alunos Portugueses ao Conto AfricanoChatelain responde que o estudo psicológico do negro pode ser feitoatravés do seu folclore: “Em África, onde não é fácil o contacto íntimo comos nativos, e onde não existe literatura escrita, o único meio de penetrarno carácter e na forma moral e intelectual das raças e tribos é fazer umestudo completo das suas instituições sociais e religiosas, e da sua literaturaoral, ou seja do seu folclore” (Chatelain, 1964: 94). Esta questão é muitodiscutível, pois aqui Chatelain estaria a simplificar a psicologia do negro,considerando-o um ser que tem apenas como faceta caracterizadora dasua identidade o seu folclore.Para o etnólogo, o insucesso de muitos investigadores, “exploradoresafricanos” deve-se ao facto de não conhecerem as línguas nativas e “àsua vagabundagem, e ainda à sua falta de treino ou gosto à mais novadas ciências, o folclore comparativo”. Até agora, só alguns missionários,“cujos deveres obrigam a um conhecimento íntimo dos hábitos e línguasnativos, nos revelaram algumas folhas dos maravilhosos arquivos mnemónicosdas nações africanas”. Chatelain constata que os Europeus seestabeleceram há quatro séculos em Angola e não encontrou nenhumlivro ou revista de assunto ultramarino, um único conto de folclore nativo.Parecia, à primeira vista, que se há 400 anos europeus inteligentesviveram e se misturaram com a população nativa e nunca fora registadoum só exemplo de literatura oral, é porque não existia nenhum contopopular. Chatelain, através da sua persistência, demonstrou de maneirairrefutável que havia uma riquíssima e interessantíssima literatura oralque estava por descobrir: “Um dos mais ignorantes rapazes foi capazde nos ditar, de memória, mais de sessenta contos e fábulas, materialigual ao da maior colecção de contos africanos até agora publicados”(Chatelain, 1964: 98).Nas comparações efectuadas por Chatelain das colecções publicadaspor diversos autores com as suas, chega a conclusões interessantes: ofolclore africano, comparando com o das outras raças, revela aspectoscomuns, não é uma árvore isolada, mas um ramo de uma árvore universal.Apesar da influência dos portugueses e dos árabes, a maior partedos contos são puramente nativos. No folclore africano predominam ashistórias de animais ou fábulas. Acrescenta que as raízes mitológicas e supersticiosassão comuns à maioria dos povos. Chatelain seriou os elementos1012009 E-BOOK CEAUP

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!