José Capelaé beber o máximo possível; habitua-se ao álcool e ao vinho, e habituar-se-áa toda a espécie de bebidas. E, quando em contacto com o branco, vaipreferindo as bebidas deste às que ele próprio fabrica; tanto mais que,assim, evita o trabalho (geralmente entregue às mulheres) de as fabricare, sobretudo, de ter que esperar a época da fabricação, que correspondeà do amadurecimento de certas frutas.Daqui resulta que a penetração das casas comerciais para, o interior,ou a vinda dos pretos para os locais onde estas estão estabelecidas e ondeele vem procurar trabalho, são causa da extensão da venda do vinho; eassim o indígena se vai a ele habituando e, adquirido o hábito, fazendotodo o possível para o poder satisfazer.Mas, além do vinho, tem o preto muitas bebidas de que gosta e que, àfalta daquele, o podem satisfazer; e fabrica-as em grande escala, aproveitandotodas as frutas indígenas, que destila clandestinamente. A fabricaçãoclandestina, que é enorme, se é de vantagem para a bolsa do indígena, épéssima para os interesses dos produtores da Metrópole, para os dos exportadorese importadores e até para os da Fazenda Nacional. Só pode serreprimida por uma fiscalização enérgica, que necessitará da organização deum corpo especial de fiscalização, que será dispendioso, auxiliado pela limitaçãodo número de licenças ou pela sua concessão por áreas, por isso que,como já disse, os concessionários das licenças auxiliarão a fiscalização.Ora ao Governo convém auxiliar em primeiro lugar a viticultura nacional,e seguidamente os negociantes de vinhos, aqui na Metrópole; comeste fim convém adoptar as seguintes medidas:94a) Fiscalização eficaz na Metrópole do vinho exportadoTemos a considerar que, se a colheita em Portugal for escassa, osexportadores, tendo de pagar o vinho mais caro e não o podendo comfacilidade vender aqui por maior preço, tenderão a falsificá-lo. Julgo queisso se deve evitar, e que o remédio para este facto, que se dá naturalmente,está em forçar os exportadores a terem grandes depósitos onde armazenemo vinho na ocasião das fortes colheitas para equilibrar as fracas; portanto,as medidas que o Governo tem a adoptar deverão tender a facilitar esseregime, e a proibir, mas realmente e não aparentemente, as falsificaçõesna Metrópole, não deixando exportar o vinho falsificado.E-BOOK CEAUP 2008
O Vinho para o PretoNotas e Textos sobre a Exportação do Vinho para Áfricab) Fiscalizar na Colónia a venda do vinho importadoNão é preciso fiscalizar a entrada na Colónia, senão como contraprovada fiscalização da Metrópole; mas é necessário que essa contraprova se façae se não permitam subterfúgios; todo o vinho que chegar falsificado deveráser lançado ao mar, sendo multado o seu exportador ou consignatário.Para evitar as falsificações, dentro das quais se deve considerar aintrodução da água no vinho, é absolutamente necessário:Formar um corpo de fiscalização, bem pago, com pessoal de confiança,conhecedor do mato e composto de brancos e indígenas.Tal corpo custará caro, devendo, consequentemente, ser pago pelosinteressados, para o que se deverá criar um imposto de mais 20 réis porlitro de vinho de cafre importado, imposto que actualmente poderá render80 a 100 contos de réis anuais.Limitar o número de licenças para cantinas e dá-las para determinadasáreas; assim, por exemplo, seriam só dadas vinte licenças para a circunscriçãode Marracuene, e a posição de cada uma delas seria marcada pelorespectivo chefe. Cada cantineiro deveria ter uma casa de alvenaria, complano previamente aprovado pelo administrador da circunscrição, podendoter agentes seus para a venda, devendo ser responsável por qualquerfalsificação que fosse cometida por esses agentes; seria esse cantineiro omais eficaz auxiliar da repressão da falsificação clandestina, que directamenteo prejudicava.Por ocasião da sublevação de indígenas, seria muito vantajoso ter nodistrito as casas de venda de vinho que serviriam de base de operações;e em tempos normais permitiriam elas o viajar com relativa comodidadepor todo ele.Logo que se descobrisse qualquer vinho falsificado, um telegramaavisaria as autoridades locais para procederem à apreensão.Já me não parece tão equitativa a aplicação de multa ao consignatário,que, na maioria dos casos, estaria perfeitamente alheioà fraude, bastando-lhe como castigo a falta que para o seu movimentofaria o não receber a encomenda.Com respeito à nova análise executada aqui, como contaprova da fiscalização da Metrópole, se em tese tal ideia é952008 E-BOOK CEAUP
- Page 1:
EDIÇÕESELECTRÓNICASCEAUPO VINHO
- Page 5 and 6:
O VINHO PARA O PRETONOTAS E TEXTOS
- Page 7:
ÍNDICE01. INTRODUÇÃO 9Bebidas Ca
- Page 10 and 11:
José Capela10de combate ao alcooli
- Page 12 and 13:
José Capela12Por outro lado, as mu
- Page 14 and 15:
José Capela14os europeus e asiáti
- Page 16 and 17:
José CapelaEm Outubro de 1919 fund
- Page 18 and 19:
José Capela18As exportações port
- Page 20 and 21:
José Capela20O relatório, referin
- Page 22 and 23:
José CapelaNa Base VII das suas pr
- Page 24 and 25:
José CapelaUma tese apresentada ao
- Page 26 and 27:
José Capelaem navios tanques, com
- Page 28 and 29:
José Capela28Foi o que aconteceu.
- Page 30 and 31:
José Capelacusto de transporte e f
- Page 32 and 33:
José Capelamultirracial e pluriter
- Page 34 and 35:
José Capela02. TEXTOSDA CORRESPOND
- Page 36 and 37:
José Capelada gente civilizada de
- Page 38 and 39:
José Capela38e as despesas da apan
- Page 40 and 41:
José Capela40que é indispensável
- Page 42 and 43:
José Capela42agora feitas são ins
- Page 44 and 45: José Capela44ser impraticável, n
- Page 46 and 47: José Capela2.ª46Será expressamen
- Page 48 and 49: José Capela7.ªProibir-se-á rigor
- Page 50 and 51: José Capela9.ªSerá proibida a ve
- Page 52 and 53: José Capela14.ªO programa para a
- Page 54 and 55: José Capelaempregando-se nesse fab
- Page 56 and 57: José Capela3.ªO governador-geral
- Page 58 and 59: José CapelaOs depósitos oficiais
- Page 60 and 61: José CapelaJORNAL O SÉCULO DE 21
- Page 62 and 63: José CapelaNo meio desta ignorânc
- Page 64 and 65: José Capela64o preto. Benguela é
- Page 66 and 67: José CapelaTESE APRESENTADA AO CON
- Page 68 and 69: José Capela68ainda pela qualidade
- Page 70 and 71: José Capela70Este inconveniente é
- Page 72 and 73: José Capelanhada e que o que se pr
- Page 74 and 75: José CapelaConsiderando que a agri
- Page 76 and 77: José Capelados relatores das concl
- Page 78 and 79: José Capelacasas de venda pelo int
- Page 80 and 81: José Capela80significando esta div
- Page 82 and 83: José Capela82nós temos que, enqua
- Page 84 and 85: José Capela84Um dos ilustres relat
- Page 86 and 87: José CapelaALFREDO AUGUSTO FREIRE
- Page 88 and 89: José Capeladeitarem água e assim
- Page 90 and 91: José CapelaB - INTERESSES DA PROV
- Page 92 and 93: José CapelaA fiscalização direct
- Page 96 and 97: José Capelaaceitável, na prática
- Page 98 and 99: José Capela98Para tal efeito prop
- Page 100 and 101: José Capela2.º Fiscalização sev
- Page 102 and 103: José Capelalibertar o comércio po
- Page 104 and 105: José CapelaDISTRITO DE INHAMBANE10
- Page 106 and 107: José CapelaMédia OutrasImposto de
- Page 108 and 109: José Capela2.º Limitar o número
- Page 110 and 111: José Capela110No primeiro caso, e
- Page 112 and 113: José Capela112e)f)g)praticando out
- Page 114 and 115: José CapelaA cifra de 60 contos é
- Page 116 and 117: José CapelaNota - Em 1990 foi publ
- Page 118 and 119: José Capela118A despesa foi de 2:6
- Page 120 and 121: José CapelaDISTRITO DE INHAMBANERe
- Page 122 and 123: José Capela122Como se sabe, desde
- Page 124 and 125: José Capela162:450 litros que no a
- Page 126 and 127: José Capelarem como alguém alegav
- Page 128 and 129: José CapelaResumo do movimento de
- Page 130 and 131: José Capela130Maxixe 332 1.740$00
- Page 132 and 133: José Capeladústrias que promovam
- Page 134 and 135: José Capela134§ 1.° No requerime
- Page 136 and 137: José Capela136palmeiras; de $80, a
- Page 138 and 139: José Capelamuito sope é fabricado
- Page 140 and 141: José Capela140levar a efeito a con
- Page 142 and 143: José CapelaPeço também licença
- Page 144 and 145:
José Capela144quantidade de copra,
- Page 146 and 147:
José CapelaNo projecto de portaria
- Page 148 and 149:
José Capela148As crianças assiste
- Page 150 and 151:
José Capela150Como esta monstruosi
- Page 152 and 153:
José Capela152O triste argumento,
- Page 154 and 155:
José CapelaO problema das transfer
- Page 156 and 157:
José Capelade excedentes da produ
- Page 158 and 159:
José Capela158e) Tapetes e tapeça
- Page 160 and 161:
José Capelaos subsídios, de igual
- Page 162 and 163:
José Capela2.4. NÚMEROS REFERENTE
- Page 164 and 165:
José CapelaVinhos licorosos — ta