José CapelaB – INTERESSES DA PROVÍNCIA90Considerarei:1.°— Os importadores em grande escalaAos importadores em grande escala convém que o vinho lhes chegueà colónia tão barato quanto possível; para isso têm dois processos: oprimeiro é trazê-lo aguardentado, porque assim transportam sob menorvolume maior quantidade de álcool, vindo, portanto, o vinho, por assimdizer, concentrado e tendo mais procura dos cantineiros, ou retalhistas; osegundo é economizar no vasilhame, trazendo o vinho em tanques a bordodos vapores, transferi-lo aqui para outros tanques e vendê-lo à bica outorneira; por este processo se evitariam, não só as despesas do vasilhame,mas ainda as fugas de vinho, que são actualmente importantes.Os interesses dos importadores em grande escala são, pois, conformescom os dos exportadores e nem sempre concordantes com os dosprodutores, podendo, por conseguinte, conciliar-se todos com facilidade.Basta para isso que seja proibida eficazmente a alcoolização dos vinhoscom álcool industrial, mais do que o que seja necessário para a sua boaconservação a bordo.Por outro lado ao Governo conviria animar a importação e armazenagemem tanques, de modo a tornar o vinho mais barato na província,e, portanto, permitir aos importadores vendê-lo pelo mesmo preço, e apagá-lo melhor na Metrópole, com a vantagem de não tornar, por assimdizer, obrigatória a falsificação, quando o vinho lá esteja mais caro. Actualmenteo litro de vinho para o preto vende-se em Lourenço Marquesaproximadamente a 120 réis, e o preto, habituado a pagar esse preço, só opagará mais caro se o aumento for gradual, não compreendendo as variaçõesque se possam dar, quando elas sejam muito grandes, o que sucederá,decerto, se os preços na Metrópole variarem muito, como acontece quandose passa de um ano de abundância para outro de escassez.A isto diz o Sr. Casal Ribeiro:A economia no transporte e no vasilhame resultante de 2 ou 3graus a mais de alcoolização, é insignificante, e não creio que talmotivo possa imperar na alcoolização do vinho.E-BOOK CEAUP 2008
O Vinho para o PretoNotas e Textos sobre a Exportação do Vinho para ÁfricaQuanto ao transporte do vinho em tanques, ainda não foi possívelrealizá-lo porque a isso se opõem dois factores importantes.O primeiro diz respeito ao frete de retorno, que, sendo pago porvolume, custaria tão caro como o frete primitivo do vinho; e o segundotem origem na própria substância de que os tanques sãoconstruídos, isto é, do ferro. Os óleos, o álcool, o petróleo e outroslíquidos podem impunemente estar em contacto com o ferro,mas com o vinho seriam necessários cuidados especialíssimos derevestimento, para que os ácidos, que normalmente entram nasua composição, nunca se encontrassem em contacto com a partemetálica, aliás formar-se-iam sais de ferro, e em especial tanatosde ferro, cujo sabor e cor tornariam o vinho imbebível. Os tanquesde cimento simples ou revestidos de chapa de vidro empregam-seunicamente na armazenagem do vinho. Para o transporte aindahoje temos de nos contentar com a vasilha de madeira.Dessa carta e da conferência que depois tive com o signatário se concluique a sua opinião é:1.° Que a economia no transporte, proveniente da maior acoolizaçãodos vinhos, é pequena, no que estou de acordo;2.° Que o transporte em tanques não pode ser feito senão com instalaçõesespeciais dos navios, quando estes atraquem, por assim dizer, aosarmazéns, e quando o vinho se tire então daqueles para estes por meiode bombas.Era esta a minha ideia, e não a de se substituir o vasilhame de madeirapor tanques de ferro: não pode ser ela prática por enquanto, tendo, pois,de se continuar a empregar o vasilhame de madeira.Fica, porém, ainda de pé a possibilidade de se realizar no transporteuma economia importante: a do vasilhame.912.° — Os interesses dos retalhistas (cantineiros)Falsificarem o mais que puderem, e, para isso, convém-lhes que ovinho venha muito aguardentado. Falsificando-o como actualmentefazem, diminuem a importação, sendo, portanto, funestos a produtorese a importadores.2008 E-BOOK CEAUP
- Page 1:
EDIÇÕESELECTRÓNICASCEAUPO VINHO
- Page 5 and 6:
O VINHO PARA O PRETONOTAS E TEXTOS
- Page 7:
ÍNDICE01. INTRODUÇÃO 9Bebidas Ca
- Page 10 and 11:
José Capela10de combate ao alcooli
- Page 12 and 13:
José Capela12Por outro lado, as mu
- Page 14 and 15:
José Capela14os europeus e asiáti
- Page 16 and 17:
José CapelaEm Outubro de 1919 fund
- Page 18 and 19:
José Capela18As exportações port
- Page 20 and 21:
José Capela20O relatório, referin
- Page 22 and 23:
José CapelaNa Base VII das suas pr
- Page 24 and 25:
José CapelaUma tese apresentada ao
- Page 26 and 27:
José Capelaem navios tanques, com
- Page 28 and 29:
José Capela28Foi o que aconteceu.
- Page 30 and 31:
José Capelacusto de transporte e f
- Page 32 and 33:
José Capelamultirracial e pluriter
- Page 34 and 35:
José Capela02. TEXTOSDA CORRESPOND
- Page 36 and 37:
José Capelada gente civilizada de
- Page 38 and 39:
José Capela38e as despesas da apan
- Page 40 and 41: José Capela40que é indispensável
- Page 42 and 43: José Capela42agora feitas são ins
- Page 44 and 45: José Capela44ser impraticável, n
- Page 46 and 47: José Capela2.ª46Será expressamen
- Page 48 and 49: José Capela7.ªProibir-se-á rigor
- Page 50 and 51: José Capela9.ªSerá proibida a ve
- Page 52 and 53: José Capela14.ªO programa para a
- Page 54 and 55: José Capelaempregando-se nesse fab
- Page 56 and 57: José Capela3.ªO governador-geral
- Page 58 and 59: José CapelaOs depósitos oficiais
- Page 60 and 61: José CapelaJORNAL O SÉCULO DE 21
- Page 62 and 63: José CapelaNo meio desta ignorânc
- Page 64 and 65: José Capela64o preto. Benguela é
- Page 66 and 67: José CapelaTESE APRESENTADA AO CON
- Page 68 and 69: José Capela68ainda pela qualidade
- Page 70 and 71: José Capela70Este inconveniente é
- Page 72 and 73: José Capelanhada e que o que se pr
- Page 74 and 75: José CapelaConsiderando que a agri
- Page 76 and 77: José Capelados relatores das concl
- Page 78 and 79: José Capelacasas de venda pelo int
- Page 80 and 81: José Capela80significando esta div
- Page 82 and 83: José Capela82nós temos que, enqua
- Page 84 and 85: José Capela84Um dos ilustres relat
- Page 86 and 87: José CapelaALFREDO AUGUSTO FREIRE
- Page 88 and 89: José Capeladeitarem água e assim
- Page 92 and 93: José CapelaA fiscalização direct
- Page 94 and 95: José Capelaé beber o máximo poss
- Page 96 and 97: José Capelaaceitável, na prática
- Page 98 and 99: José Capela98Para tal efeito prop
- Page 100 and 101: José Capela2.º Fiscalização sev
- Page 102 and 103: José Capelalibertar o comércio po
- Page 104 and 105: José CapelaDISTRITO DE INHAMBANE10
- Page 106 and 107: José CapelaMédia OutrasImposto de
- Page 108 and 109: José Capela2.º Limitar o número
- Page 110 and 111: José Capela110No primeiro caso, e
- Page 112 and 113: José Capela112e)f)g)praticando out
- Page 114 and 115: José CapelaA cifra de 60 contos é
- Page 116 and 117: José CapelaNota - Em 1990 foi publ
- Page 118 and 119: José Capela118A despesa foi de 2:6
- Page 120 and 121: José CapelaDISTRITO DE INHAMBANERe
- Page 122 and 123: José Capela122Como se sabe, desde
- Page 124 and 125: José Capela162:450 litros que no a
- Page 126 and 127: José Capelarem como alguém alegav
- Page 128 and 129: José CapelaResumo do movimento de
- Page 130 and 131: José Capela130Maxixe 332 1.740$00
- Page 132 and 133: José Capeladústrias que promovam
- Page 134 and 135: José Capela134§ 1.° No requerime
- Page 136 and 137: José Capela136palmeiras; de $80, a
- Page 138 and 139: José Capelamuito sope é fabricado
- Page 140 and 141:
José Capela140levar a efeito a con
- Page 142 and 143:
José CapelaPeço também licença
- Page 144 and 145:
José Capela144quantidade de copra,
- Page 146 and 147:
José CapelaNo projecto de portaria
- Page 148 and 149:
José Capela148As crianças assiste
- Page 150 and 151:
José Capela150Como esta monstruosi
- Page 152 and 153:
José Capela152O triste argumento,
- Page 154 and 155:
José CapelaO problema das transfer
- Page 156 and 157:
José Capelade excedentes da produ
- Page 158 and 159:
José Capela158e) Tapetes e tapeça
- Page 160 and 161:
José Capelaos subsídios, de igual
- Page 162 and 163:
José Capela2.4. NÚMEROS REFERENTE
- Page 164 and 165:
José CapelaVinhos licorosos — ta