José CapelaALFREDO AUGUSTO FREIRE DE ANDRADE (GOVERNADOR-GERAL DE MOÇAMBIQUE, 1906-1910)RELATÓRIOS SOBRE MOÇAMBIQUE/2.ª edição —1.° volumeRepartição Técnica de Estatística – Imprensa Nacional de Moçambique/Lourenço Marques, 1949Páginas 3 a 28RELATÓRIO SOBRE O COMÉRCIO DOS <strong>VINHO</strong>S AO SUL DAPROVÍNCIA86Sendo a questão da importação dos vinhos uma das que justamente maispreocupa a Metrópole, julguei conveniente, sobretudo depois de recebidos ostelegramas de V. Ex.ª, de 27 de Outubro e 7 de Novembro últimos, procurarestudá-la com especial cuidado, de acordo com os interessados.Interessados são nela os exportadores daí, os importadores daqui, aProvíncia e os pretos.Parto do princípio de que o preto tem de beber, o que efectivamenteainda sucederá por muito tempo e creio mesmo que sempre, e, portanto,devemos tirar desse vício o proveito possível, porquanto o mesmo se fazpara com os brancos, sem que ninguém o ache extraordinário; devo,porém, dizer que se o preto pudesse deixar de beber, muito melhor seria,mas tal desideratum é impossível de conseguir, pois nunca, a quem desejoubeber, faltou meio de encontrar ou fazer bebida.Julguei preciso estudar o assunto de acordo com os interessados, porqueme parece poderem conciliar-se os interesses deles e os da Metrópole com os daProvíncia, que muita vez se põem de parte. E ainda porque, mal se toca nesteassunto, levanta-se uma forte oposição, sem motivo, nem estudo suficienteda questão, sob o pretexto de proteger os interesses da viticultura, realmenteapenas procura proteger os interesses particulares de alguns. Para isso tudoserve: telegramas da população de Lourenço Marques, feitos por um ou doisinteressados; da Associação Comercial, antes de feito um estudo completo doassunto; protestos da imprensa, uma parte da qual mal sabe onde se encontraMoçambique. Ergue-se então a bandeira da protecção à viticultura nacionale fica tudo na mesma, porque um ou dois indivíduos, promotores da mani-E-BOOK CEAUP 2008
O Vinho para o PretoNotas e Textos sobre a Exportação do Vinho para Áfricafestação, seriam, ou melhor, pensam que seriam prejudicados por medidasque, quando promulgadas, eram vantajosas ao bem geral.O decrescimento da importação do vinho cafreal mostra bem que osistema de governar, que mais ou menos se tem seguido, satisfazendotodas as imposições de negociantes e cantineiros, é tão pouco satisfatóriopara o fim a que tende, como deprimente para o prestígio da autoridade;ainda não há muito que o meu antecessor se viu obrigado a ceder peranteas manifestações do comércio, que fechou as suas portas, quando se quispôr em prática uma disposição legal que muito concorreria para regular ocomércio do vinho a retalho e, portanto, fiscalizar as falsificações locais.Ora, nestas condições, nunca, como agora, foi tão oportuna a ocasiãopara tratar deste assunto, que eu sei muito está preocupando V. Ex. a bemdo interesse do país, visto poderem-se adoptar medidas que, em épocasanteriores, em que o vinho ia correndo cada vez mais para Moçambique,provocariam a vozearia discordante, a que acima me refiro. A importaçãode vinhos decresce sensivelmente; ao Governo pedem-se providências, e,por isso, é ocasião oportuna para tratar do problema.Nos importadores a quem consultei, e que foram os Srs. TancredoCasal Ribeiro, Henrique Moral, J J. Machado e Carlos Vicente Ribeiro,encontrei o melhor desejo de auxiliarem o Governo, com conhecimentoda questão e largueza de vistas muito para louvar.Passarei agora a tratar propriamente da questão.DISTRITOS DE LOURENÇO MARQUES E GAZAA — INTERESSES DA METRÓPOLENa minha opinião temos a distinguir:1.°— Os produtores. É desejo destes o venderem a maior quantidadepossível de vinho, quer natural, quer alcoolizado com aguardente domesmo.2.°— Os exportadores. Estes têm interesse em vender vinho natural,quando ele está excessivamente barato, como sucede actualmente. E emvendê-lo aguardentado, no máximo grau, com qualquer álcool, porquetem mais procura ou venda, a fim de, ou lhe destilarem o álcool, ou lhe872008 E-BOOK CEAUP
- Page 1:
EDIÇÕESELECTRÓNICASCEAUPO VINHO
- Page 5 and 6:
O VINHO PARA O PRETONOTAS E TEXTOS
- Page 7:
ÍNDICE01. INTRODUÇÃO 9Bebidas Ca
- Page 10 and 11:
José Capela10de combate ao alcooli
- Page 12 and 13:
José Capela12Por outro lado, as mu
- Page 14 and 15:
José Capela14os europeus e asiáti
- Page 16 and 17:
José CapelaEm Outubro de 1919 fund
- Page 18 and 19:
José Capela18As exportações port
- Page 20 and 21:
José Capela20O relatório, referin
- Page 22 and 23:
José CapelaNa Base VII das suas pr
- Page 24 and 25:
José CapelaUma tese apresentada ao
- Page 26 and 27:
José Capelaem navios tanques, com
- Page 28 and 29:
José Capela28Foi o que aconteceu.
- Page 30 and 31:
José Capelacusto de transporte e f
- Page 32 and 33:
José Capelamultirracial e pluriter
- Page 34 and 35:
José Capela02. TEXTOSDA CORRESPOND
- Page 36 and 37: José Capelada gente civilizada de
- Page 38 and 39: José Capela38e as despesas da apan
- Page 40 and 41: José Capela40que é indispensável
- Page 42 and 43: José Capela42agora feitas são ins
- Page 44 and 45: José Capela44ser impraticável, n
- Page 46 and 47: José Capela2.ª46Será expressamen
- Page 48 and 49: José Capela7.ªProibir-se-á rigor
- Page 50 and 51: José Capela9.ªSerá proibida a ve
- Page 52 and 53: José Capela14.ªO programa para a
- Page 54 and 55: José Capelaempregando-se nesse fab
- Page 56 and 57: José Capela3.ªO governador-geral
- Page 58 and 59: José CapelaOs depósitos oficiais
- Page 60 and 61: José CapelaJORNAL O SÉCULO DE 21
- Page 62 and 63: José CapelaNo meio desta ignorânc
- Page 64 and 65: José Capela64o preto. Benguela é
- Page 66 and 67: José CapelaTESE APRESENTADA AO CON
- Page 68 and 69: José Capela68ainda pela qualidade
- Page 70 and 71: José Capela70Este inconveniente é
- Page 72 and 73: José Capelanhada e que o que se pr
- Page 74 and 75: José CapelaConsiderando que a agri
- Page 76 and 77: José Capelados relatores das concl
- Page 78 and 79: José Capelacasas de venda pelo int
- Page 80 and 81: José Capela80significando esta div
- Page 82 and 83: José Capela82nós temos que, enqua
- Page 84 and 85: José Capela84Um dos ilustres relat
- Page 88 and 89: José Capeladeitarem água e assim
- Page 90 and 91: José CapelaB - INTERESSES DA PROV
- Page 92 and 93: José CapelaA fiscalização direct
- Page 94 and 95: José Capelaé beber o máximo poss
- Page 96 and 97: José Capelaaceitável, na prática
- Page 98 and 99: José Capela98Para tal efeito prop
- Page 100 and 101: José Capela2.º Fiscalização sev
- Page 102 and 103: José Capelalibertar o comércio po
- Page 104 and 105: José CapelaDISTRITO DE INHAMBANE10
- Page 106 and 107: José CapelaMédia OutrasImposto de
- Page 108 and 109: José Capela2.º Limitar o número
- Page 110 and 111: José Capela110No primeiro caso, e
- Page 112 and 113: José Capela112e)f)g)praticando out
- Page 114 and 115: José CapelaA cifra de 60 contos é
- Page 116 and 117: José CapelaNota - Em 1990 foi publ
- Page 118 and 119: José Capela118A despesa foi de 2:6
- Page 120 and 121: José CapelaDISTRITO DE INHAMBANERe
- Page 122 and 123: José Capela122Como se sabe, desde
- Page 124 and 125: José Capela162:450 litros que no a
- Page 126 and 127: José Capelarem como alguém alegav
- Page 128 and 129: José CapelaResumo do movimento de
- Page 130 and 131: José Capela130Maxixe 332 1.740$00
- Page 132 and 133: José Capeladústrias que promovam
- Page 134 and 135: José Capela134§ 1.° No requerime
- Page 136 and 137:
José Capela136palmeiras; de $80, a
- Page 138 and 139:
José Capelamuito sope é fabricado
- Page 140 and 141:
José Capela140levar a efeito a con
- Page 142 and 143:
José CapelaPeço também licença
- Page 144 and 145:
José Capela144quantidade de copra,
- Page 146 and 147:
José CapelaNo projecto de portaria
- Page 148 and 149:
José Capela148As crianças assiste
- Page 150 and 151:
José Capela150Como esta monstruosi
- Page 152 and 153:
José Capela152O triste argumento,
- Page 154 and 155:
José CapelaO problema das transfer
- Page 156 and 157:
José Capelade excedentes da produ
- Page 158 and 159:
José Capela158e) Tapetes e tapeça
- Page 160 and 161:
José Capelaos subsídios, de igual
- Page 162 and 163:
José Capela2.4. NÚMEROS REFERENTE
- Page 164 and 165:
José CapelaVinhos licorosos — ta