José Capela82nós temos que, enquanto o consumo do vinho branco se eleva em 6 anos,na província de Moçambique, de 500 para 720 pipas e na totalidade de13.560 para 25.200, a totalidade do vinho tinto, que em 1895 foi de 11.000pipas, apenas foi em 1900 de 17.000. Nestas condições, está perfeitamenteexplicado que não há contradição e que o país não dá exemplo de menoslealdade nas suas relações políticas com as outras nações que firmaramo Acto de Bruxelas.Parece-lhe que, propondo uma indicação que vai de harmonia comtodas as doutrinas sustentadas pelo sr. Portugal Durão para defender ogrande interesse da exportação, é mais patriota e acautela mais os interessesdo país, do que apresentando qualquer ideia com a preocupaçãode ir atrofiar o consumo do álcool nas colónias.Reconhece perfeitamente que, ilustrados como são os membros doCongresso, hão-de descobrir a economia a obter no processo que foi sugeridohá pouco. Efectivamente, se se quiser combater a tendência do pretopara a aguardente forte com o emprego de vinhos de graduação fraca,nada se conseguirá, enquanto que, se o convertermos a pouco e pouco aouso do vinho de graduação natural, começando por muito a acabar pormuito pouco, o resultado será inevitável.Que os entendidos se queixem, compreende-se; mas, para haverconcordância com o Acto de Bruxelas, julga que, para a conveniênciada valorização dos nossos vinhos é necessário principiar pelos vinhosfortemente alcoolizados, o que não importa um subterfúgio nem um actode menos lealdade política, porque isto não representa de modo nenhumo propósito de fomentar a valorização do álcool do reino contra o gastodo álcool das colónias.Concorda que o álcool do vinho não é menos nocivo do que o da canasacarina. O álcool, desde que seja bem fabricado, quer seja de vinho, decana ou qualquer outro álcool perfeitamente rectificado tem um denominadorúnico, álcool etílico. Ora no ponto de vista da pureza, o álcool deorigem industrial bem rectificado é mais etílico que o álcool do vinho. Atéhá três anos a esta parte, nos congressos que se têm realizado em Lisboa,a tendência para elevar a força alcoólica dos vinhos era combatida pelaagricultura por um critério digno de respeito devido à situação angustiosaem que ela vivia; teve porém sempre a esperança de que o CongressoE-BOOK CEAUP 2008
O Vinho para o PretoNotas e Textos sobre a Exportação do Vinho para ÁfricaColonial olharia para mais alto ainda, para defesa dos interesses do país,e nessa esperança colaborará com entusiasmo.Presidente – Deu a hora. Tem a palavra o sr. Cincinato da Costa.Cincinato da Costa — Deve o Congresso já estar fatigada de ouvir falarem vinhos para o Ultramar, álcool industrial e aguardente de vinho. Mas,tendo a honra de representar a Real Associação de Agricultura, como seudelegado ao Congresso, não pode deixar de usar da palavra sobre o assuntosujeito à discussão, e sobre o qual essa Associação emitiu já o seu parecer.No Congresso Vinícola Nacional de 1900, largamente foi debatidaa questão do grau alcoólico que deviam ter os vinhos para o Ultramar, epode assegurar ao Congresso que conquanto houvesse divergências sobreo limite a estabelecer, nunca se sustentou a opinião de que os vinhos preparadospara a Africa devessem ter graduação elevadíssima de 23° .— Osilustres oradores que se referiram a este limite, fixado ou pedido pelos srs.relatores, atribuindo-o a desejos particularistas dos viticultores nacionais,enganaram-se, porquanto, em face das conclusões votadas no CongressoVinícola de 1900, onde nenhuma voz se levantou a sustentar a necessidadedo limite de 23° para os vinhos comuns de embarque, pode afirmar que talnão é o desejo da viticultura, que o que quer e pede, é que se abra mercadoe fácil colocação para os seus vinhos, e nunca se permita que, com o falsonome de vinho, se exportem mistelas fortemente alcoolizadas com álcooisindustriais, que apenas servem para ser desdobradas nos mercados ondechegam, fazendo concorrência ao genuíno produto da cepa. No CongressoVinícola de 1900, as opiniões dividiram-se a princípio sobre se deveriamanter-se o limite de 19 graus ou se se deveria baixar esse limite para 16°.Afinal votou-se 19°, e o orador, na qualidade de representante da RealAssociação de Agricultura, tem o dever de sustentar essa deliberação doCongresso, embora pudesse apresentar razões ponderosas que dariamforça aos que sustentaram que o limite máximo da graduação, para osvinhos preparados, não devia ir além de 16° .O que deseja acentuar é que nunca a viticultura nacional pediu o de23° agora proposto, e que a adopção desse limite trará prejuízos em lugarde vantagens ao comércio lícito de vinhos.832008 E-BOOK CEAUP
- Page 1:
EDIÇÕESELECTRÓNICASCEAUPO VINHO
- Page 5 and 6:
O VINHO PARA O PRETONOTAS E TEXTOS
- Page 7:
ÍNDICE01. INTRODUÇÃO 9Bebidas Ca
- Page 10 and 11:
José Capela10de combate ao alcooli
- Page 12 and 13:
José Capela12Por outro lado, as mu
- Page 14 and 15:
José Capela14os europeus e asiáti
- Page 16 and 17:
José CapelaEm Outubro de 1919 fund
- Page 18 and 19:
José Capela18As exportações port
- Page 20 and 21:
José Capela20O relatório, referin
- Page 22 and 23:
José CapelaNa Base VII das suas pr
- Page 24 and 25:
José CapelaUma tese apresentada ao
- Page 26 and 27:
José Capelaem navios tanques, com
- Page 28 and 29:
José Capela28Foi o que aconteceu.
- Page 30 and 31:
José Capelacusto de transporte e f
- Page 32 and 33: José Capelamultirracial e pluriter
- Page 34 and 35: José Capela02. TEXTOSDA CORRESPOND
- Page 36 and 37: José Capelada gente civilizada de
- Page 38 and 39: José Capela38e as despesas da apan
- Page 40 and 41: José Capela40que é indispensável
- Page 42 and 43: José Capela42agora feitas são ins
- Page 44 and 45: José Capela44ser impraticável, n
- Page 46 and 47: José Capela2.ª46Será expressamen
- Page 48 and 49: José Capela7.ªProibir-se-á rigor
- Page 50 and 51: José Capela9.ªSerá proibida a ve
- Page 52 and 53: José Capela14.ªO programa para a
- Page 54 and 55: José Capelaempregando-se nesse fab
- Page 56 and 57: José Capela3.ªO governador-geral
- Page 58 and 59: José CapelaOs depósitos oficiais
- Page 60 and 61: José CapelaJORNAL O SÉCULO DE 21
- Page 62 and 63: José CapelaNo meio desta ignorânc
- Page 64 and 65: José Capela64o preto. Benguela é
- Page 66 and 67: José CapelaTESE APRESENTADA AO CON
- Page 68 and 69: José Capela68ainda pela qualidade
- Page 70 and 71: José Capela70Este inconveniente é
- Page 72 and 73: José Capelanhada e que o que se pr
- Page 74 and 75: José CapelaConsiderando que a agri
- Page 76 and 77: José Capelados relatores das concl
- Page 78 and 79: José Capelacasas de venda pelo int
- Page 80 and 81: José Capela80significando esta div
- Page 84 and 85: José Capela84Um dos ilustres relat
- Page 86 and 87: José CapelaALFREDO AUGUSTO FREIRE
- Page 88 and 89: José Capeladeitarem água e assim
- Page 90 and 91: José CapelaB - INTERESSES DA PROV
- Page 92 and 93: José CapelaA fiscalização direct
- Page 94 and 95: José Capelaé beber o máximo poss
- Page 96 and 97: José Capelaaceitável, na prática
- Page 98 and 99: José Capela98Para tal efeito prop
- Page 100 and 101: José Capela2.º Fiscalização sev
- Page 102 and 103: José Capelalibertar o comércio po
- Page 104 and 105: José CapelaDISTRITO DE INHAMBANE10
- Page 106 and 107: José CapelaMédia OutrasImposto de
- Page 108 and 109: José Capela2.º Limitar o número
- Page 110 and 111: José Capela110No primeiro caso, e
- Page 112 and 113: José Capela112e)f)g)praticando out
- Page 114 and 115: José CapelaA cifra de 60 contos é
- Page 116 and 117: José CapelaNota - Em 1990 foi publ
- Page 118 and 119: José Capela118A despesa foi de 2:6
- Page 120 and 121: José CapelaDISTRITO DE INHAMBANERe
- Page 122 and 123: José Capela122Como se sabe, desde
- Page 124 and 125: José Capela162:450 litros que no a
- Page 126 and 127: José Capelarem como alguém alegav
- Page 128 and 129: José CapelaResumo do movimento de
- Page 130 and 131: José Capela130Maxixe 332 1.740$00
- Page 132 and 133:
José Capeladústrias que promovam
- Page 134 and 135:
José Capela134§ 1.° No requerime
- Page 136 and 137:
José Capela136palmeiras; de $80, a
- Page 138 and 139:
José Capelamuito sope é fabricado
- Page 140 and 141:
José Capela140levar a efeito a con
- Page 142 and 143:
José CapelaPeço também licença
- Page 144 and 145:
José Capela144quantidade de copra,
- Page 146 and 147:
José CapelaNo projecto de portaria
- Page 148 and 149:
José Capela148As crianças assiste
- Page 150 and 151:
José Capela150Como esta monstruosi
- Page 152 and 153:
José Capela152O triste argumento,
- Page 154 and 155:
José CapelaO problema das transfer
- Page 156 and 157:
José Capelade excedentes da produ
- Page 158 and 159:
José Capela158e) Tapetes e tapeça
- Page 160 and 161:
José Capelaos subsídios, de igual
- Page 162 and 163:
José Capela2.4. NÚMEROS REFERENTE
- Page 164 and 165:
José CapelaVinhos licorosos — ta