José CapelaConsiderando que a agricultura das nossas colónias tem pelomenos o mesmo direito à protecção dos governos e à consideraçãopública que a agricultura da Metrópole;Considerando que os agricultores coloniais de cana sacarina comaplicação à indústria do álcool têm sofrido, nos últimos tempos,sucessivos golpes que motivaram a sua ruína, incluindo neles oataque ao direito de propriedade, que outra coisa não é o impostode produção;Considerando que o relatório e as conclusões, ora em discussãodos ilustres representantes da Real Companhia Vinícola do Nortede Portugal e da Liga dos Lavradores do Douro, significam umafalta de respeito pelos direitos e interesses legítimos dos agricultoresdas colónias; protesta contra as três primeiras conclusões epropõe que estas sejam substituídas pelas seguintes:1.ª A agricultura ultramarina, sendo como é o futuro mais importantedo desenvolvimento colonial, deve merecer aos governose ao público a mais desvelada protecção;2.ª Os vinhos com graduação alcoólica superior a 14° devempagar nas províncias de Angola e Moçambique o mesmo impostoque paga a aguardente de cana produzida nas mesmascolónias.(a) Visconde de Giraul.74Associa-se completamente às judiciosas considerações do sr. Greenfieldde Mello, que tão proficientemente demonstrou a inconveniência dasconclusões desta tese, que brigam com uma lei do país, que não discuteneste momento, e assentam na errada compreensão de que os interessesdas colónias devem ser sacrificados aos interesses da Metrópole.Associa-se igualmente às manifestações patrióticas do sr. conde deSamodães, que entende que a Metrópole e as colónias devem auxiliar-semutuamente para a resolução das suas dificuldades económicas. Masnão pode deixar de observar que o relatório e as conclusões em discussãodiscordam completamente dos sentimentos patrióticos manifestados pors. ex.a, que é um dos relatores, e nessa orientação entende que, se o patriotismodos nossos viticultores os leva a pretenderem introduzir nas colóniasE-BOOK CEAUP 2008
O Vinho para o PretoNotas e Textos sobre a Exportação do Vinho para Áfricaos vinhos aguardentados até à graduação de 23°, iguais motivos assistemaos agricultores coloniais de quererem que essa bebida seja substituídapela aguardente avinhada, deitando em cada pipa de aguardente de cana2 ou 3 litros de vinho.Se s. ex.a demonstrasse que o álcool, proveniente da cana tem umpoder tóxico mais elevado que o que se obtém pela destilação do vinho;que são mais perniciosos os seus efeitos sobre o organismo do indígena,render-se-ia a essa consideração de ordem humanitária. Mas não o fez,nem pode fazê-lo, porque num e noutro caso se trata do álcool etílico, cujosefeitos são sempre os mesmos qualquer que seja a sua proveniência, vistoque a mesma é também, sempre, a sua composição molecular.Se não convém, como dizem os senhores relatores e ele, orador, comomédico o confirma, estabelecer bruscamente para o preto um regímen detemperança, porque há-de utiliza-se, para a repressão dos seus hábitosalcoólicos a aguardente da Metrópole de preferência à das colónias?Vê-se em tudo isto uma péssima orientação no que respeita à formaporque na Metrópole se atende às necessidades coloniais.Se a viticultura da Metrópole atravessa uma crise lamentável, a agriculturadas colónias, mormente a da cana sacarina, é assoberbada por umacrise mais grave ainda e tem jus à comiseração da Metrópole, que deve,pelo menos, respeitar a sua situação angustiosa.A agricultura colonial exige, mais que a da Metrópole, uma instalaçãodispendiosa e um custeio pesadíssimo, porque nas colónias não há braçosque se ofereçam ao trabalho e este realiza-se com serviçais contratados que,seja qual for a situação financeira do patrão, exigem, como é de justiça,os seus salários, o seu sustento e o seu vestuário. Não é, portanto, a essesagricultores que se deve dizer que modifiquem o seu regímen cultural ouindustrial; não é a eles que os srs. relatores devem apontar, como soluçãopara a crise que os prostrou, a indústria sacarina, porque, na maior partedas propriedades das nossas colónias actualmente em exploração, a garapanão dá mais de 7° eu 7,5°, graduação muito baixa para uma produçãoremuneradora de açúcar.75Presidente – Declara que na ordem da inscrição se seguem os srs.Portugal Durão e Pestana da Silva, mas como este sr. congressista é um2008 E-BOOK CEAUP
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