José CapelaNo meio desta ignorância, o governo, sempre vigilante, tem a machadaafiada para matar a hidra dos “químicos falsificadores» neste abençoadotorrão, onde as reacções químicas se estudam por um óculo ou por umtelescópio e a astronomia por um mapa de dez tostões.O que motivou a resolução do governador de Lourenço Marques sobrea importação do vinho para o preto ido da Metrópole?O aumento rápido do consumo deste vinho na raça negra fez diminuirconsideravelmente a importação do álcool na alfândega de LourençoMarques e daqui a diminuição do rendimento para o estado e dos emolumentospara os empregados; por outro lado, os negociantes de álcool e osfabricantes de aguardente viram-se seriamente ameaçados na concorrênciaque lhes fazia a importação do vinho para o preto.É natural que, junto do governador, as influências, que sempre existemem toda a parte, exercessem pressão para acabar com um competidortemível, porque o desenvolvimento que tem tido a venda do vinho parao preto tem sido tão notável que havia necessariamente de aniquilar onegócio do álcool.Estamos pois, diante de uma questão da mais alta importância paraa viticultura portuguesa.Pelos factos que acabei de expor, se conclui que, com o vinho brancobem aguardentado e posto na África por um preço muito barato, nóspodemos suplantar ali o consumo do álcool estrangeiro.Se o sr. ministro da Marinha souber resolver esta questão em harmoniacom os interesses da viticultura portuguesa, terá prestado o maior dos serviçosao país. Sobre a maneira de exportarmos este vinho, sem receio de seiludir a alfândega de Lourenço Marques, di-lo-emos no artigo seguinte.62O SÉCULO DE 27 DE JANEIRO DE 1899Os exportadores de vinho denominado — para preto — têm pedido aaprovação da «marca oficial» para grande quantidade de pipas de vinhos.Estes vinhos, cuja força alcoólica é de 17 a 18 graus, têm em LourençoMarques larga extracção.E-BOOK CEAUP 2008
O Vinho para o PretoNotas e Textos sobre a Exportação do Vinho para ÁfricaNo entanto, só agora é que os exportadores pediram a «marca oficial»na persuasão, talvez, de que tal indicação ou garantia oficial dispensaráos vinhos de qualquer análise, quando apresentados a despacho naquelaalfândega.Segundo nos consta, não é bem assim o que está para ser decretado.Determinando ou não um limite alcoólico, todos os vinhos que se apresentaremsem marca oficial, serão analisados, a fim de se determinar nãosó a sua força alcoólica, como apurar se o produto é vinho alcoolizado ou,simplesmente, álcool disfarçado como vinho para preto; quando os vinhoslevam a marca oficial serão despachados sem análise, mas só quando aalfândega não tenha qualquer suspeita, porque, tendo-a, serão analisadosda mesma forma, embora a remessa possa ser despachada imediatamente,garantindo o exportador ou o consignatário o pagamento dos respectivosdireitos, quando se verifique por nova análise, feita aqui, que a suspeitatinha fundamento.No caso contrário, nada há perdido, pois, como dissemos, o vinho serádespachado da mesma forma — quando leve marca oficial — o que nãosucederá àqueles que, não a tendo, só poderão ser despachados quandoa análise feita lá assim o permita.Por conseguinte, é de toda a conveniência que os vinhos sigam coma marca oficial, mas não se julgue por isso que ficam isentos de qualquerresponsabilidade.É, pelo menos, isto que nos consta, e que não temos dúvida em julgarde toda a conveniência nos interesses da viticultura, do comércio honestoe ainda nos do Estado.Pode dar-se como certo que o Governo tomará, por estes dias, umadefinitiva resolução sobre os vinhos para Lourenço Marques. Pode-seassegurar que ela será conforme as indicações já conhecidas.63O SÉCULO DE 4 DE FEVEREIRO DE 1899Não me enganei quando no artigo antecedente disse que vinho para opreto era uma questão da mais alta importância para a viticultura e para opaís. Hoje mesmo soube que de Benguela já havia pedidos de vinho para2008 E-BOOK CEAUP
- Page 1:
EDIÇÕESELECTRÓNICASCEAUPO VINHO
- Page 5 and 6:
O VINHO PARA O PRETONOTAS E TEXTOS
- Page 7:
ÍNDICE01. INTRODUÇÃO 9Bebidas Ca
- Page 10 and 11:
José Capela10de combate ao alcooli
- Page 12 and 13: José Capela12Por outro lado, as mu
- Page 14 and 15: José Capela14os europeus e asiáti
- Page 16 and 17: José CapelaEm Outubro de 1919 fund
- Page 18 and 19: José Capela18As exportações port
- Page 20 and 21: José Capela20O relatório, referin
- Page 22 and 23: José CapelaNa Base VII das suas pr
- Page 24 and 25: José CapelaUma tese apresentada ao
- Page 26 and 27: José Capelaem navios tanques, com
- Page 28 and 29: José Capela28Foi o que aconteceu.
- Page 30 and 31: José Capelacusto de transporte e f
- Page 32 and 33: José Capelamultirracial e pluriter
- Page 34 and 35: José Capela02. TEXTOSDA CORRESPOND
- Page 36 and 37: José Capelada gente civilizada de
- Page 38 and 39: José Capela38e as despesas da apan
- Page 40 and 41: José Capela40que é indispensável
- Page 42 and 43: José Capela42agora feitas são ins
- Page 44 and 45: José Capela44ser impraticável, n
- Page 46 and 47: José Capela2.ª46Será expressamen
- Page 48 and 49: José Capela7.ªProibir-se-á rigor
- Page 50 and 51: José Capela9.ªSerá proibida a ve
- Page 52 and 53: José Capela14.ªO programa para a
- Page 54 and 55: José Capelaempregando-se nesse fab
- Page 56 and 57: José Capela3.ªO governador-geral
- Page 58 and 59: José CapelaOs depósitos oficiais
- Page 60 and 61: José CapelaJORNAL O SÉCULO DE 21
- Page 64 and 65: José Capela64o preto. Benguela é
- Page 66 and 67: José CapelaTESE APRESENTADA AO CON
- Page 68 and 69: José Capela68ainda pela qualidade
- Page 70 and 71: José Capela70Este inconveniente é
- Page 72 and 73: José Capelanhada e que o que se pr
- Page 74 and 75: José CapelaConsiderando que a agri
- Page 76 and 77: José Capelados relatores das concl
- Page 78 and 79: José Capelacasas de venda pelo int
- Page 80 and 81: José Capela80significando esta div
- Page 82 and 83: José Capela82nós temos que, enqua
- Page 84 and 85: José Capela84Um dos ilustres relat
- Page 86 and 87: José CapelaALFREDO AUGUSTO FREIRE
- Page 88 and 89: José Capeladeitarem água e assim
- Page 90 and 91: José CapelaB - INTERESSES DA PROV
- Page 92 and 93: José CapelaA fiscalização direct
- Page 94 and 95: José Capelaé beber o máximo poss
- Page 96 and 97: José Capelaaceitável, na prática
- Page 98 and 99: José Capela98Para tal efeito prop
- Page 100 and 101: José Capela2.º Fiscalização sev
- Page 102 and 103: José Capelalibertar o comércio po
- Page 104 and 105: José CapelaDISTRITO DE INHAMBANE10
- Page 106 and 107: José CapelaMédia OutrasImposto de
- Page 108 and 109: José Capela2.º Limitar o número
- Page 110 and 111: José Capela110No primeiro caso, e
- Page 112 and 113:
José Capela112e)f)g)praticando out
- Page 114 and 115:
José CapelaA cifra de 60 contos é
- Page 116 and 117:
José CapelaNota - Em 1990 foi publ
- Page 118 and 119:
José Capela118A despesa foi de 2:6
- Page 120 and 121:
José CapelaDISTRITO DE INHAMBANERe
- Page 122 and 123:
José Capela122Como se sabe, desde
- Page 124 and 125:
José Capela162:450 litros que no a
- Page 126 and 127:
José Capelarem como alguém alegav
- Page 128 and 129:
José CapelaResumo do movimento de
- Page 130 and 131:
José Capela130Maxixe 332 1.740$00
- Page 132 and 133:
José Capeladústrias que promovam
- Page 134 and 135:
José Capela134§ 1.° No requerime
- Page 136 and 137:
José Capela136palmeiras; de $80, a
- Page 138 and 139:
José Capelamuito sope é fabricado
- Page 140 and 141:
José Capela140levar a efeito a con
- Page 142 and 143:
José CapelaPeço também licença
- Page 144 and 145:
José Capela144quantidade de copra,
- Page 146 and 147:
José CapelaNo projecto de portaria
- Page 148 and 149:
José Capela148As crianças assiste
- Page 150 and 151:
José Capela150Como esta monstruosi
- Page 152 and 153:
José Capela152O triste argumento,
- Page 154 and 155:
José CapelaO problema das transfer
- Page 156 and 157:
José Capelade excedentes da produ
- Page 158 and 159:
José Capela158e) Tapetes e tapeça
- Page 160 and 161:
José Capelaos subsídios, de igual
- Page 162 and 163:
José Capela2.4. NÚMEROS REFERENTE
- Page 164 and 165:
José CapelaVinhos licorosos — ta