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O VINHO PARA O PRETO

o vinho para o preto - Centro de Estudos Africanos da Universidade ...

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O Vinho para o PretoNotas e Textos sobre a Exportação do Vinho para ÁfricaMas ao Estado incumbe defender o interesse colectivo contra os egoísmos:individuais, proteger o futuro contra as imprevidências do presente, e namecânica da legislação há recursos para cumprir estas obrigações, comonão só exige a economia pública, senão também reclama a moralidade.A moralidade, sim. Eu não me alistei no exército da salvação, e sempreconsiderei quiméricos os cânones do concílio de Bruxelas, em que ossantos padres da temperança europeia proibiram, na vastidão da África,a embriaguez irrepreensível em Londres e S. Petersburgo.Podem os Europeus sossegar, que a raça negra não lhes há-de envergonhara intemperança com a sua sobriedade, apesar das grandes potênciasse terem coligado para lha impor. O negro bebeu, bebe e há-de beber.Todas as esquadras dos governos signatários do Acto Geral de Bruxelas abloquearem os portos de África, e todos os seus exércitos a policiarem ossertões, não o impediriam de satisfazer a paixão singular pela embriaguez,porque, não tendo outro licor, acharia meio de se embriagar com a águados rios. É uma calúnia dizer-se que foram os brancos que incitaram neleesse delírio, porque, ainda Noé não tinha reconhecido os predicados dosumo da uva fermentado, já os patriarcas africanos bebiam pombe e quejandasbeberagens, algumas das quais não embriagam só, enlouquecem.Foi a natureza que fez o Africano borracho, como fez, em algumas regiões,fumista de ervas peçonhentas cujo fumo o obriga a contorcer-se em medonhasconvulsões de tosse; a civilização só lhe apurou o paladar. Criançasde colo, largam os seios das mães para meterem a língua em copos deaguardente, e não se escaldam. Têm até os pretos uma especialidade quejulgo não ser trivial na confraria europeia dos beberrões: não se embriagampor gosto de beber, bebem de propósito para se embriagarem. Só muitosséculos de educação, e talvez modificações no clima na África, poderãocurá-los desse vício, mais de organização que de costumes, e por agora sóo maometanismo tem alguma autoridade para lho moderar.Também não creio que venha um grande mal ao mundo das tendênciasintemperantes de uma das raças inferiores que o povoam; em Moçambique,todavia, essas tendências, deixadas soltas de coacção, favorecidas pelasproduções do solo, servidas pelo engenho dos indígenas, assiduamenteanimadas e exploradas pelos Europeus, passaram de tal modo, em algumasregiões, de tendências a costumes, de costumes a vício e de vício a delírio,392008 E-BOOK CEAUP

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