José Capelada gente civilizada de Lourenço Marques. Mas, como V. Ex.ª sabe, quem seacha envolvido como nós na administração colonial portuguesa tem de vivera transigir, a dourar pílulas e a adoçar amarguras; e por isso peço a V. Ex.ª ofavor (embora isto esteja completamente fora das suas funções, bem comodas minhas) de me mandar bem explicado qual o tipo de vinho nacional quemais facilmente encontrará venda entre os vátuas, a fim de eu a esse respeitopoder elucidar não só os negociantes de Lourenço Marques mas o Governoda Metrópole, que o tornará público se achar conveniente. Em boa verdade,não acredito que venha a formar-se uma importante vila no Muambaxeca,mas apenas um pequeno estabelecimento comercial; oxalá ela prospere, adespeito da insalubridade do clima e do difícil acesso da barra.ANTÓNIO ENESMoçambiqueRelatório apresentado ao Governo(publicado, pela primeira vez, em 1893) 3.ª ediçãoAgência Geral de Colónias/Lisboa/MCMXLVI, Págs.: 19, 43 e 44, 47 a 49,82 a 87, 313 a 32636[...] o comércio europeu, que não é agente de poderosas indústrias, vivede fornecimentos ao Estado, de vendas fiadas aos funcionários públicos e dapaixão do negro pelo álcool. É um comércio de latas de sardinhas e coposde mata-bicho, quando o não anima alguma obra pública que requisite materiaisa rodo, uma expedição ao interior ou a guerra cafreal, que consumamantimentos e fazendas sem olhar a preços. A paz, a ordem, a economiana administração paralisam, pois, o movimento comercial da Província, oque explica muitas anomalias aparentes do seu viver social. E se com estascausas de ruína se somasse de improviso uma conversão dos indígenas àsdoutrinas das sociedades de temperança, deixando, portanto, o cajueirode ser o símbolo da riqueza agrícola, e de se medir a opulência comerciala garrafões de aguardente, só ficariam em Moçambique, a bem dizer, osmouros e os baneanes, perseverantes e famintos como faquires, juntandoos tesouros das Mil e uma noites semente a semente de amendoim!IIE-BOOK CEAUP 2008
O Vinho para o PretoNotas e Textos sobre a Exportação do Vinho para ÁfricaOs factos que aí vão ficando apontados conspiram, a meu ver, paraafugentar ou descontentar os capitais; além disso, os poucos que porlá andam labutando empregam-se, por via de regra, nos giros que lhesparecem mais facilmente rendosos, mas não nos empreendimentos comque mais lucraria a economia da província.Acompanhe V. Ex.ª com a vista um imigrante, Europeu ou Asiático,desembarcado de fresco em Moçambique com alguns valores a mais nosbraços: o que vai ele fazer, se não tem nem pretende emprego público?É quase certo que, se o homem se aplica à agricultura, compra, arrendaou planta coqueiros e cajueiros; se tenciona comerciar, abre venda, porgrosso ou por miúdo, de bebidas destiladas. O pessoal da Companhiade Moçambique entrou na Beira, levando por bagagens umas poucas detoneladas de álcool, que pagaram mais de 5:000$000 réis de direitos; estaverba foi a primeira que a Companhia inscreveu no seu livro de receita.Desses centenares de colonos do Porto e de Lisboa que em 1891 forammandados a granel para a África Oriental, os raros que mostraram teralguma iniciativa para ganhar a vida estabeleceram tabernas. A bitolado movimento comercial e a importação dos líquidos inebriantes. O anoé bom ou mau para a agricultura conforme a nascença e o sazonamentodo cajú. A maior calamidade que ainda pesou sobre Lourenço Marquesnão foi tal a redução das despesas de obras públicas, foi a paralisação dasvendas de álcool em Gaza.O próprio esbelto coqueiro, que na Índia é um tesouro, porque nãotem filamento que se lhe não aproveite, não é apreciado em Moçambiqueporque dá cocos, mas sim porque verte sura e produz palmeira; se o consentissea natureza, não se colheriam em todos os palmares da provínciacocos, que chegassem para o caril, quanto mais para copra!Perguntei a proprietários: «Porque não plantam café ou cana, porquenão experimentam o cacau, porque não semeiam arroz nos pântanos?»A resposta foi sempre a mesma em toda a parte: o melhor é o coqueiro;nada há como o caju! Certamente. Um coqueiro mediano rende em cocos1 a 2 rupias por ano, e só dá o trabalho de colher os frutos. Já não é mau;mas lavrado à sura pode produzir 10 até 20 rupias, e mais. Um barril dequinto de aguardente de cajueiro vale bem 10$000 réis em Moçambique,372008 E-BOOK CEAUP
- Page 1: EDIÇÕESELECTRÓNICASCEAUPO VINHO
- Page 5 and 6: O VINHO PARA O PRETONOTAS E TEXTOS
- Page 7: ÍNDICE01. INTRODUÇÃO 9Bebidas Ca
- Page 10 and 11: José Capela10de combate ao alcooli
- Page 12 and 13: José Capela12Por outro lado, as mu
- Page 14 and 15: José Capela14os europeus e asiáti
- Page 16 and 17: José CapelaEm Outubro de 1919 fund
- Page 18 and 19: José Capela18As exportações port
- Page 20 and 21: José Capela20O relatório, referin
- Page 22 and 23: José CapelaNa Base VII das suas pr
- Page 24 and 25: José CapelaUma tese apresentada ao
- Page 26 and 27: José Capelaem navios tanques, com
- Page 28 and 29: José Capela28Foi o que aconteceu.
- Page 30 and 31: José Capelacusto de transporte e f
- Page 32 and 33: José Capelamultirracial e pluriter
- Page 34 and 35: José Capela02. TEXTOSDA CORRESPOND
- Page 38 and 39: José Capela38e as despesas da apan
- Page 40 and 41: José Capela40que é indispensável
- Page 42 and 43: José Capela42agora feitas são ins
- Page 44 and 45: José Capela44ser impraticável, n
- Page 46 and 47: José Capela2.ª46Será expressamen
- Page 48 and 49: José Capela7.ªProibir-se-á rigor
- Page 50 and 51: José Capela9.ªSerá proibida a ve
- Page 52 and 53: José Capela14.ªO programa para a
- Page 54 and 55: José Capelaempregando-se nesse fab
- Page 56 and 57: José Capela3.ªO governador-geral
- Page 58 and 59: José CapelaOs depósitos oficiais
- Page 60 and 61: José CapelaJORNAL O SÉCULO DE 21
- Page 62 and 63: José CapelaNo meio desta ignorânc
- Page 64 and 65: José Capela64o preto. Benguela é
- Page 66 and 67: José CapelaTESE APRESENTADA AO CON
- Page 68 and 69: José Capela68ainda pela qualidade
- Page 70 and 71: José Capela70Este inconveniente é
- Page 72 and 73: José Capelanhada e que o que se pr
- Page 74 and 75: José CapelaConsiderando que a agri
- Page 76 and 77: José Capelados relatores das concl
- Page 78 and 79: José Capelacasas de venda pelo int
- Page 80 and 81: José Capela80significando esta div
- Page 82 and 83: José Capela82nós temos que, enqua
- Page 84 and 85: José Capela84Um dos ilustres relat
- Page 86 and 87:
José CapelaALFREDO AUGUSTO FREIRE
- Page 88 and 89:
José Capeladeitarem água e assim
- Page 90 and 91:
José CapelaB - INTERESSES DA PROV
- Page 92 and 93:
José CapelaA fiscalização direct
- Page 94 and 95:
José Capelaé beber o máximo poss
- Page 96 and 97:
José Capelaaceitável, na prática
- Page 98 and 99:
José Capela98Para tal efeito prop
- Page 100 and 101:
José Capela2.º Fiscalização sev
- Page 102 and 103:
José Capelalibertar o comércio po
- Page 104 and 105:
José CapelaDISTRITO DE INHAMBANE10
- Page 106 and 107:
José CapelaMédia OutrasImposto de
- Page 108 and 109:
José Capela2.º Limitar o número
- Page 110 and 111:
José Capela110No primeiro caso, e
- Page 112 and 113:
José Capela112e)f)g)praticando out
- Page 114 and 115:
José CapelaA cifra de 60 contos é
- Page 116 and 117:
José CapelaNota - Em 1990 foi publ
- Page 118 and 119:
José Capela118A despesa foi de 2:6
- Page 120 and 121:
José CapelaDISTRITO DE INHAMBANERe
- Page 122 and 123:
José Capela122Como se sabe, desde
- Page 124 and 125:
José Capela162:450 litros que no a
- Page 126 and 127:
José Capelarem como alguém alegav
- Page 128 and 129:
José CapelaResumo do movimento de
- Page 130 and 131:
José Capela130Maxixe 332 1.740$00
- Page 132 and 133:
José Capeladústrias que promovam
- Page 134 and 135:
José Capela134§ 1.° No requerime
- Page 136 and 137:
José Capela136palmeiras; de $80, a
- Page 138 and 139:
José Capelamuito sope é fabricado
- Page 140 and 141:
José Capela140levar a efeito a con
- Page 142 and 143:
José CapelaPeço também licença
- Page 144 and 145:
José Capela144quantidade de copra,
- Page 146 and 147:
José CapelaNo projecto de portaria
- Page 148 and 149:
José Capela148As crianças assiste
- Page 150 and 151:
José Capela150Como esta monstruosi
- Page 152 and 153:
José Capela152O triste argumento,
- Page 154 and 155:
José CapelaO problema das transfer
- Page 156 and 157:
José Capelade excedentes da produ
- Page 158 and 159:
José Capela158e) Tapetes e tapeça
- Page 160 and 161:
José Capelaos subsídios, de igual
- Page 162 and 163:
José Capela2.4. NÚMEROS REFERENTE
- Page 164 and 165:
José CapelaVinhos licorosos — ta