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O VINHO PARA O PRETO

o vinho para o preto - Centro de Estudos Africanos da Universidade ...

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José Capelaem navios tanques, com instalações de armazenamento, engarrafamentoe distribuição.Ainda em 1966, e referente ao quarto trimestre, o Boletim do BancoNacional Ultramarino concluía uma análise das possibilidades de exportaçãopara o Ultramar:«Parece evidente que a crise de sobreprodução que, em alguns anos,tanto tem afectado a vinicultura metropolitana, pode ser muito atenua da— ou até totalmente resolvida — através do escoamento dos nossos produtosvínicos para as províncias ultramarinas.«Não basta restringir o plantio da vinha e regular a produção do vinho.É necessária uma criteriosa adopção de medidas tendentes a aumentar oconsumo de vinho em todo o território nacional. O Ultramar é, assim, umaesperança que pode tornar-se certeza e contribuir decisivamente para asolução do problema do consumo.»Finalmente, um despacho conjunto dos ministérios do Ultramar eda Economia, de 25-9-1967, levava os exportadores metropolitanos àinstalação, em Angola e Moçambique, de unidades de engarrafamentocomo remate do transporte em navios tanques.E seria esta medida a estar na base de todos os conflitos em curso nosprincípios de 1973.26Na realidade, e como já se poderia concluir, o grande conflito vinhade trás e situava-se, como se situa, a dois níveis:Um, o dos interesses metropolitanos e necessidade de colocarem o seuproduto em mercado aparentemente fácil, tendo, de facto, pela frente, osproblemas criados à economia dependente com a entrada maciça de vinhoe correspondente saída de divisas, assim como os interesses locais dumaburguesia comercial e industrial crescente (34) .Outro, o da qualidade e genuinidade do produto. Há que atender,porém, ao facto de serem, por vezes, as próprias autoridades ultramari-(34)Esta manifestação do conflito histórico também não é nova. Uma exposição do Governador deInhambane, de 1 de Dezembro de 1906, protesta contra as medidas da Lei de 7 de Maio de 1902 que sedestinava a proteger a indústria vinícola da Metrópole, com a intenção de levar os pretos a substituir asbebidas de fabrico dos «agricultores» locais pelo vinho: «...porque é injusto e anti-económico protegeruma indústria na Metrópole a troco da destruição não de uma, mas de todas as indústrias do distrito deInhambane», (Freira de Andrade, RELATÓRIOS SOBRE MOÇAMBIQUE, citado, pág. 23).E-BOOK CEAUP 2008

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