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O VINHO PARA O PRETO

o vinho para o preto - Centro de Estudos Africanos da Universidade ...

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O Vinho para o PretoNotas e Textos sobre a Exportação do Vinho para Áfricadistrito é notável e tende a aumentar. Seria interessante poder apresentar-sea estatística, mas, infelizmente, os crimes, que chegam ao conhecimentodas autoridades, devem ser apenas uma parte mínima dos que sãopraticados e, quanto a criminosos, eles escapam na sua maior parte, parao que nem precisam de correr até à fronteira, bastando-lhes enfiar pelasportas abertas dos compounds da W. N. L. A.Não deixarei contudo de apresentar as estatísticas elaboradas que memerecem muito pouca confiança, como de resto, todos os outros trabalhosestatísticos realizados no distrito, que precisam de ser convenientementeremodelados, o que não deixarei de fazer, se por aqui continuar, guiando-mepelo que se está fazendo nas colónias estrangeiras vizinhas, onde a estatísticaatingiu já uma relativa perfeição. Tenho verificado que, na maioria doscrimes, a embriaguez e a superstição são as causas determinantes.Se, pela educação e pela repressão, fosse possível acabar com o vícioda embriaguez e com a crendice em feitiços, estou certo de que no distritoquase não haveria crimes, pois a índole da população é boa e só osfumos do álcool e as sugestões dos feiticeiros lhes incutem instintos deperversidade.O álcool e o feitiço levam o indígena a praticar as mais inconcebíveismonstruosidades, com uma simplicidade apavorante, que pode até parecercinismo aos que não conhecem a psicologia da raça. Não é realmentecinismo, é apenas inconsciência.Em geral, o criminoso nem se recorda do crime e, nos casos de feitiçaria,fica convencido de que andou muito bem, obedecendo às indicaçõese sugestões do feiticeiro.Vi na prisão de Inharrime um rapaz dos seus vinte anos, forte e debela aparência, que, pelo simples motivo de seu pai não lhe restituir duasquinhentas, que ele lhe oferecera numa hora de boa embriaguez, o conduziuà força para a palhota, aí lhe amarrou os braços e as pernas, depoisdo que lançou o fogo à palhota, tendo o prévio cuidado de cerrar bem aporta. Aos gritos do infeliz velho acudiu a vizinhança, mas o criminoso,armado de um cacete, não deixou que ninguém se aproximasse, senãodepois do incêndio ter acabado a sua obra. O criminoso, quando o vi, malse lembrava do que havia feito e, ouvindo a narração do seu crime, apenasrevelava nos olhos estupidez e inconsciência.1492008 E-BOOK CEAUP

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