José Capela118A despesa foi de 2:690$000 réis, resultando para a Fazenda umareceita de 7:335$300 réis.Não devo omitir que este resultado não se obteve sem uma certaviolência, pois, por um lado é impossível a um só branco vigiar o serviçode 20 sipaes espalhados no espesso das florestas, e por outro não se podeesperar que pretos gananciosos se portem com imparcialidade e brandura.É bem sabido que ninguém é mais bárbaro, mais violento e mais injustopara um preto do que outro preto revestido de alguma autoridade.As violências, as arbitrariedades e mesmo as fraudes cometidas pelapolícia foram aumentando à medida que, em virtude do seu exercício, adestilação clandestina foi diminuindo, a tal ponto que julguei indispensávelsuspender a fiscalização durante os meses de cobrança do imposto.A conclusão a tirar é que a repressão tem de ter estas duas características:violência e intermitência.Mas não é este, a meu ver, o modo perfeito de reprimir a destilaçãoclandestina e mesmo pôr-lhe um termo; muito mais apropriado a este fimme parece o proporcionar ao preto o uso de uma bebida que lhe agrade, eque ele possa, sem se embriagar, consumir em grandes quantidades.Nestas condições, visto que o indígena de Inhambane não gosta doactual vinho colonial, e se é ponto assente que a população deste distritotem que proteger a indústria vinícola de Portugal, parece-me que a soluçãodo problema está na criação de um outro tipo de vinho para pretos.O vinho colonial do tempo presente é demasiadamente alcoólico e,por isso, prejudicial à raça negra e esperar que esta verba a adquirir paladarsuficientemente delicado para apreciar os nossos vinhos de Bucelas,Colares, Cartaxo, etc., tais como nós os apreciamos, é fantasia de quemnunca viveu com pretos.Saudação a Sua Alteza o Príncipe Real D. Luís de Bragança (nasua visita a Moçambique em 1907).Antes da lei de 7 de Maio de 1902, que proibiu o fabrico e venda debebidas fermentadas para os indígenas, os proprietários de Inhambanefaziam fortuna com a venda de sumo de cana sacarina (sope), caju e suraE-BOOK CEAUP 2008
O Vinho para o PretoNotas e Textos sobre a Exportação do Vinho para Áfricae com esses importantes lucros desenvolviam outras culturas e o dinheirocirculava em abundância entre os europeus; resultando também dessavenda aos indígenas um grande bem, o de levar os pretos no seu regressodas minas do Rand a gastarem o dinheiro que de lá traziam comprandobebidas inofensivas à saúde e por eles tradicionalmente estimadas.Actualmente os indígenas metidos dentro de florestas fabricam ebebem bebidas alcoólicas, que são verdadeiros venenos, e perante asautoridades veem-se obrigados a beber o chamado vinho branco.Esta lei proibitiva veio cortar pés e mãos aos pequenos agricultores,que agora se acham na miséria, miséria que se reflecte no comércio e nobem estar geral do distrito.Não é assim, como fácil é compreender, que as colónias sedesenvolvem.Sabem os habitantes deste distrito que o Governo de Sua Majestadeestá tratando com o Governo britânico sobre um novo regulamento paraa emigração de indígenas para as minas do Rand. É este distrito quefornece o maior número de braços para a extracção do ouro e diamantesna África do Sul, o que num futuro poderá ter o péssimo resultado defaltarem braços para as indústrias locais, tornando já indispensável que sefaça um regulamento a valer para o fornecimento de trabalhadores paraos proprietários existentes.Para os trabalhadores que vão para o Transval é indispensável quesejam obrigados a regressar a Inhambane no termo do respectivo contrato,e que, pelo menos dois terços dos salários, lhes sejam pagos aqui porintermédio do Estado ou de um Banco à sua escolha, levando-os assim agastar o dinheiro em benefício desta colónia; seria também um grandebem haver neste distrito um agente do Governo, o qual, além de fiscalizaro serviço da emigração, deveria ter a seu cargo um registo bem organizadode todos os homens que daqui saem, do tempo de serviço de cada um nasminas, e do seu regresso ao distrito. Podia o mesmo agente do Governocertificar-se das economia sem dinheiro trazidas pelos indígenas, o queseria de interesse para o estudo da economia do distrito.1192008 E-BOOK CEAUP
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