19.08.2015 Views

O VINHO PARA O PRETO

o vinho para o preto - Centro de Estudos Africanos da Universidade ...

o vinho para o preto - Centro de Estudos Africanos da Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O Vinho para o PretoNotas e Textos sobre a Exportação do Vinho para Áfricae de um Sindicato de Tanoeiros, assim como ao Grémio dos Industriaisde Tanoaria do Norte (5) .Não há dúvida que uma questão de séculos atingia, em começos de1973, o seu paroxismo.BEBIDAS CAFREAISFoi este um tema que abundou nos tratadistas coloniais. E que, actualmente,aparece com frequência nos noticiários provenientes dascidades angolanas e moçambicanas: a repressão policial, muitas vezes,senão sempre, de aspectos bárbaros (6) , ao fabrico caseiro de bebidasalcoólicas.Não há dúvida que se está perante um fenómeno epidémico: aapetência do africano pelo álcool é generalizada e, nas épocas próprias,grandes levas demandam a terra da sua naturalidade procurandoregalar-se com a saborosa bebida obtida a partir do fruto do cajueiroou outras.Este fenómeno não será assim tanto de espantar se recordarmos asbacanais da cerveja na Baviera ou mesmo as que acompanham a colheitada uva em muitas regiões da Europa. De resto seria ainda de investigar asraízes profundas dessa migração sazonal, levando em conta que o africanode Moçambique mantém, ainda mesmo que residente na cidade, ou trabalhandonas empresas agrícolas e industriais, fortes laços tribais. O europeuconstata apenas que o preto vai à terra «para se embebedar». Ora, paraalém da procura gratuita da bebida apetecida, para além do homem datribo que busca, periodicamente, o encontro com o seu passado clânico, naocasião da festa familiar, tal como o beirão ou o duriense procura a aldeiapelo matar do porco, para além de tudo isso, não haverá a coincidênciada colheita do fruto com a vivência de ritos ancestrais e indispensáveis àmanutenção do que vai restando numa civilização a decompor-se?11(5)Vide O COMÉRCIO DO PORTO de 9 de Abril de 1973.(6)Vide Moçambique pelo seu povo, Afrontamento, Porto, 1971, pág. 105. Estas vivências em tal tipode policiamento eram reconhecidas pelo Governador do Distrito de Inhambane (1907 a 1909) que refereas violências, as arbitrariedades e mesmo as fraudes cometidas pela polícia… (Distrito de Inhambane,Relatório do Governador 1907 a 1909 Lourenço Marques 1909, pág. 78).2008 E-BOOK CEAUP

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!