19.08.2015 Views

O VINHO PARA O PRETO

o vinho para o preto - Centro de Estudos Africanos da Universidade ...

o vinho para o preto - Centro de Estudos Africanos da Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

José CapelaDISTRITO DE INHAMBANE104Em parte alguma a influência desorientada da pretendida protecção àviticultura nacional se tem exercido mais desgraçadamente do que nestepobre distrito, bem digno de melhor sorte pelos valiosos elementos detrabalho indígena que nos dá e pelos recursos de que dispõe.Além do álcool que destilava, produzia Inhambane sura, sope e caju,um proveniente das palmeiras, os outros da cana e outras frutas, donderesultava um dos principais rendimentos dos colonos, com influênciano interior; e eram estes, pelo menos numa zona em volta da vila, osprincipais agentes da fiscalização do Estado contra a fabricação clandestina.E o preto, tendo onde ir comprar o sope e a sura, resignava-semais facilmente a não os fabricar, para o que aliás o predispunha a suanatural indolência.Hoje o negro fabrica clandestinamente e continuará a fabricar, apesarde que as ordens que transmiti e aconselhei fossem postas em prática commoderação, pois doutro modo poderiam acarretar uma revolta indígenaque, por mim não quero provocar.Para que a fabricação clandestina se pudesse proibir, seria necessárioem primeiro lugar ir habituando o indígena ao uso do vinho, para partedeles ainda desconhecido, e ir aumentando progressivamente a fiscalização.Do mesmo modo que há entre nós quem prefira o vinho verde aomaduro e o vinho branco ao tinto, devemos admitir que o cafre prefira asbebidas a que sempre andou habituado, isto é, o sope, a sura ou o pombe,ao vinho que de repente lhe oferecemos.Antigamente, em lnhambane, os colonos tinham e ainda têm influênciano interior; eram eles que fabricavam principalmente as bebidas e que,vendendo-as, não só pagavam licenças, como fiscalizavam a fabricaçãoclandestina numa certa área em volta de Inhambane.Para o interior, o preto fazia o que queria, é certo, mas isso fá-lo-áele sempre enquanto o território não estiver eficazmente ocupado e enquantoao indígena se não derem meios de se habituar ao vinho cafreal,vendendo-o nós ali por baixo preço.Pela proibição absoluta da fabricação das bebidas fermentadas edo álcool, decretada pelo artigo 24.° do regulamento para a execuçãoE-BOOK CEAUP 2008

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!