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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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e dotá-lo de elementos culturais aprendidos na África. Os escravosdeviam valorizar bastante a construção do próprio barraco,porque lá era possível dispor de maior privacidade e liberdade parasua vida doméstica. Ali era possível cozinhar a própria comida ealimentar-se longe da vista do senhor.Nos engenhos do Nordeste coexistiam os dois modelos dehabitação, mas era mais comum as cabanas dispostas em filas elocalizadas a certa distância da casa-grande. Nos engenhos daParaíba, o espaço entre uma fileira e outra de senzalas era chamadode “rua”, uma forma de demarcar e distinguir o mundo dassenzalas e o mundo da casa-grande. No interior das senzalas haviauns poucos objetos de uso pessoal, um baú para guardar as roupas,camas rudimentares ou esteiras para dormir, às vezes algunstamboretes, panelas e pratos de barro e fogão a lenha.Nas regiões de mineração, os escravos moravam em choupanaschamadas de ranchos. Eram habitações simples que podiamser facilmente desmontadas e transportadas para outros locais,conforme a necessidade de deslocamento da exploraçãomineradora.Para terem acesso a bens que normalmente não lhes chegariamàs mãos pela obrigação ou generosidade dos senhores, osescravos envolviam-se em várias atividades suplementares ao trabalhona grande propriedade. Para conseguir dinheiro trabalhavamnos dias de folga para seus senhores ou outros empregadores.Outra fonte de ganho era a manufatura de objetos para a venda:cortar e costurar roupa, trançar cestos de cipó e palha, fazerpanelas e utensílios de barro que eram vendidos na feira.Nas regiões de mineração, os escravos aproveitavam as horase dias vagos para procurar refugos de ouro ou diamante emlocais já explorados pelos garimpeiros. Por volta de 1850, na cidadede Cuiabá, quando a extração de ouro já se encontrava emdeclínio, escravos e livres pobres podiam ser vistos catando pedaçosminúsculos de ouro em meio ao cascalho que se espalhavapelas ruas, principalmente depois de chuvas torrenciais.Como em outras regiões escravistas das Américas, algunsescravos brasileiros desenvolveram atividades independentes e alternativasà grande lavoura. Sabe-se de escravos que tinham cria-Uma história do negro no Brasil 79

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