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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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cravo das minas vivia menos do que seus parceiros dos engenhose fazendas de café. Para evitar a morte prematura de seus cativos,os senhores mineiros freqüentemente contratavam enfermeirosou enfermeiras negros para cuidar dos que labutavam no garimpo.Para muitas doenças recorria-se às ervas típicas da medicina africanaou indígena.Na mineração os cativos ficavam sob a supervisão constantedo “vigia de canoas”, que era geralmente branco ou mulato. Oscativos eram obrigados a trabalhar curvados, de frente para o capataz,para que não ocultassem ouro ou diamante encontradodurante o peneiramento do cascalho. Ao término de cada tarefaeram revistados. Mesmo assim, os escravos desenvolveram formassutis de ocultar algum achado precioso para comprar a tãosonhada alforria. A alforria freqüentemente era também compradacom o trabalho árduo de prospecção, autorizada ou não pelosenhor, nas áreas abandonadas por outros garimpeiros.No Rio Grande do Sul os escravos foram largamente utilizadosna criação e pastoreio de gado e na produção de charque.No século XVIII, com o aumento das exportações do charquegaúcho para outras regiões do Brasil, o número de escravos assumiugrandes proporções. No século XIX, as charqueadas reuniamem média sessenta cativos; algumas chegavam a ter mais de cem.Ali, o abate do gado, o corte e o armazenamento das carnes e docouro exigiam trabalho intenso e prolongado. Nos períodos demaior atividade, entre outubro e maio, os cativos chegavam a trabalhardezesseis horas seguidas sob vigilância dos capatazes, comoeram chamados os feitores gaúchos. O trabalho normalmente seestendia à noite e os senhores costumavam fornecer aguardenteaos cativos para estimulá-los.Nas charqueadas, minas e engenhos, os escravos elaboraramformas diversas de resistência cotidiana à obrigação de trabalharpor muitas horas seguidas. Diante da sobrecarga de trabalho,eles simulavam doenças ou realizavam pequenas fugas. Em 1933,no interior da Bahia, um ex-escravo de engenho recordou quemuitas vezes fugia para evitar trabalho excessivo, pois “era o únicomeio da gente descansar”. Essas fugas serviam também paravisitar parentes em propriedades próximas.76 Uma história do negro no Brasil

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