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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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tráfico o faziam pelo medo de que a crescente importação de africanoslevasse a uma africanização do país. Para estes era preciso injetarsangue europeu na população do Brasil. Além disso, havia oreceio de que o tráfico criasse condições favoráveis à eclosão degrandes revoltas escravas, como a que ocorrera no Haiti na décadade 1790, uma verdadeira revolução que destruiu o sistema escravistanaquela colônia francesa. Mas havia também quem defendesse aabolição do tráfico tomado pelo sentimento de condenação à escravidãoe aos horrores daquele comércio.O fato é que a lei de 1831 não foi rigorosamente implementadapelas autoridades brasileiras. Como se dizia na época foi umalei “para inglês ver”, originando daí a expressão popular que indicacoisa de fachada apenas. O comércio de gente continuou abertamenteno Brasil. Por sinal, a entrada de africanos aumentou significativamenteentre 1830 e 1840, estimulada pelo crescimentovertiginoso da cultura cafeeira no Sudeste. Estima-se que, nos últimosvinte anos de tráfico ilegal, cerca de um milhão de escravosdesembarcou no Brasil. No cálculo dos traficantes e dos senhoresde escravos era preciso abastecer os mercados locais antes que alei começasse a pegar.Depois de 1831, os africanos novos eram desembarcados ànoite nas praias e obrigados a marchas forçadas até os armazénsou barracões clandestinos distantes do centro das cidades. As condiçõesde desembarque se tornaram mais complicadas, pois nãohavia tempo nem lugar para os cativos descansarem e se recuperaremda longa jornada. Suspeita-se que essas condições tenha aumentadoa taxa de mortalidade após o desembarque.Na África, a vigilância da marinha britânica provocou mudançassignificativas na forma como as operações comerciais eramrealizadas. A mais visível foi o abandono das fortalezas que serviramdurante séculos como entrepostos comerciais e portos deembarque utilizados por traficantes europeus e brasileiros. Na regiãodo Golfo de Benim, o embarque de escravos passou a serfeito em pequenos portos espalhados pelo litoral. Para fugir à perseguiçãoda marinha inglesa, os traficantes passaram a utilizarembarcações menores, mais rápidas e com capacidade de transportarem torno de cem pessoas.Uma história do negro no Brasil 59

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