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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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Golfo do Benim (sudoeste da atual Nigéria). Através do Golfo doBenim, os traficantes baianos importaram escravos aqui denominadosdagomés, jejes, haussás, bornus, tapas e nagôs, entre outros.Estes grupos eram embarcados principalmente nos portos deJaquin, Ajudá, Popo e Apá, e mais tarde Onim (Lagos). No Rio deJaneiro, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul os escravosoriginários daquela região eram chamados de minas.O fato de ter vindo de uma mesma região, falar a mesmalíngua e pertencer a uma mesma nação foi fundamental para asobrevivência dos africanos no Brasil. Desse modo, eles puderamreconstruir redes de amizade, famílias e comunidades. Mas issonão impediu que africanos de etnias diferentes se relacionassem ecriassem novas alianças. O enfrentamento das adversidades daescravidão muitas vezes favoreceu a união de grupos étnicos divididosna África por antigas rivalidades. A multiplicidade de povose etnias para aqui transportadas por força do tráfico fez do Brasilum espaço privilegiado de convergência de tradições africanas diversasque ainda hoje continuam, umas mais que outras, a moldare colorir culturalmente o país.A travessia atlânticaO escravo apresado no interior africano era obrigado a percorrerlongas distâncias até alcançar os portos de embarque no litoral.Muitos não resistiam à longa caminhada, às doenças e aos maustratos.Nos portos eram alojados em grandes barracões ou emcercados. Ali permaneciam muitos dias e até meses à espera deque as cargas humanas dos navios fossem completadas e os cativospartissem para um mundo completamente desconhecido.Nesse período de espera, era grande o número de mortes, pois oscativos eram alojados em construções muitas vezes precárias, insalubres,mal ventiladas e pequenas. Em alguns períodos, cerca de40 por cento dos negros escravizados em Angola pereciam aindaem solo africano. Mas os prepostos africanos do tráfico sabiamque os cativos não deviam permanecer durante muito tempo nosportos de embarque. Além das perdas por doenças, temiam que aconcentração de escravos nos barracões facilitassem revoltas.46 Uma história do negro no Brasil

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