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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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algumas dezenas de portugueses já haviam se embrenhado nointerior da região combatendo os mouros, resistindo a doenças,negociando com os reis africanos, pregando a fé cristã e instalandofeitorias, onde era considerável o número de escravos empregadosna lavoura e na criação de animais.Mas era o ouro, a prata e o marfim que mais os incentivavama permanecer num território dominado por muçulmanos. Forammuitos os embates entre portugueses e mouros pelo controle dosprincipais centros comerciais — Quiloa, Mombaça, Massapa,Melinde e Moçambique. Essas disputas desestabilizaram redes comerciaismilenares. A cobrança de tributos, os saques, incêndios eas rebeliões contra os lusitanos, além das investidas dos holandesese ingleses, ameaçavam a prosperidade da atividade mercantil.Os portugueses tentaram manter a hegemonia na regiãoconstruindo fortificações. Ergueram uma na ilha de Moçambique,que era a capital dos estabelecimentos portugueses na África Oriental,e em 1593 foi edificada em Mombaça a maior delas, a fortalezade Jesus. Esta fortaleza sofreu ataques de grupos muçulmanos,foi cenário para revolta de escravos e abrigou aliados políticos,e embora tivesse sido mantida sob o controle dos portugueses,isto não lhes garantiu as riquezas que almejavam: ouro e prataem grande quantidade. Como se via na parte ocidental da África,foi com escravos que os aventureiros portugueses, holandeses eingleses conseguiram acumular fortuna.A saga dos africanos seguia seu curso: por um lado, elesbuscavam integrar-se com lucro no circuito comercial atlântico,por outro, viviam a trágica experiência da escravização em massa.Não há dúvidas de que os comerciantes africanos eram os elosmais fracos nesse circuito, pois viviam permanentemente na dependênciado grande traficante europeu ou brasileiro. Os negóciosdo tráfico movimentaram a economia numa dimensão global,mas as suas conseqüências foram brutais para as sociedades africanas.Além dos incalculáveis sofrimentos causados pela separaçãoforçada de indivíduos de suas comunidades e famílias, aquele comérciopromoveu o esvaziamento demográfico de muitas regiõesda África. Ao privar as comunidades de indivíduos adultos, o trá-34 Uma história do negro no Brasil

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