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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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do rei de Portugal, com a promessa de trazê-los de volta depoisde algumas luas. Assim foi feito. Quando retornaram para oKongo os quatro africanos estavam vestidos como europeus efalando português. Se os mensageiros que ficaram na cidade realdo Kongo tinham muito para contar a Diogo Cão, não erampoucas as novidades que os raptados relataram ao manicongo.Haviam visto muitos outros barcos enormes, armas e riquezasque podiam assegurar o poderio de quem as possuísse.Ambicioso, o manicongo Nzinga avaliou que era fundamentalfirmar acordos com aqueles viajantes e, em 1489, enviounuma das caravelas de Diogo Cão vários presentes e uma embaixadaao rei português, d. João II. O objetivo dos embaixadores eraclaro: solicitar autorização para que rapazes do reino africano pudessemser educados na Europa, conseguir que padres católicosfossem enviados ao Kongo, assim como mestres no ofício da carpintaria,pedraria e agricultura. O rei português não tardou a atenderaos pedidos. Uma aliança com outro soberano tão poderoso edisposto a se converter ao catolicismo parecia a oportunidade idealpara fincar os pés naquela região da África.Por sua vez, o rei do Kongo visava apropriar-se dos conhecimentos,técnicas e até hábitos e costumes europeus que pudessemfortalecer ainda mais o seu reino. O manicongo, uma de suasesposas e um filho foram batizados numa igreja de pedra e cal quemandou erguer em 1491. Daquele dia em diante ao rei do Kongofoi dado o nome de d. João I, a sua mulher, Leonor, e ao seu filho,Afonso. É certo que houve quem se negasse a aderir ao catolicismo,dentre eles, um outro filho do rei, Mpanzu a Kitima, mas estefoi vencido por Afonso na disputa pela sucessão do trono. Vitóriafacilitada pela ajuda militar portuguesa na forma de cavalos e armas.Além de propagar o catolicismo, d. Afonso sempre semostrava interessado em aproximar o Kongo de Portugal tambémpor meio dos costumes, língua, ensino e conhecimentotecnológico. Contudo, ao fim de décadas de negociação, os portuguesesnão tinham honrado o compromisso de ensinar aoscongueses como se construir grandes barcos a vela, tão poucomoinhos e veículos de roda. As novidades ficaram restritas ao30 Uma história do negro no Brasil

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