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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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Kongo – AngolaEra 1483, quando o navegador Diogo Cão, procurando conhecermelhor a costa africana, chegou à foz do rio Zaire, onde estavaestabelecido o poderoso reino do Kongo. Rapidamente se espalhouentre os habitantes locais a notícia de que barcos enormes,que mais pareciam pássaros gigantescos, estavam nas proximidadesdo reino. A novidade vinda do mar trouxe inquietação. Naregião do Kongo-Angola pensava-se que os europeus vinham deoutro mundo, que eram seres sobrenaturais. Acreditava-se que entreo mundo dos vivos e dos mortos havia uma linha divisória, aCalunga. Daí que quando alguém morria o seu espírito atravessavaa fronteira entre a vida e a morte navegando numa zona transitóriaque seria o oceano. Para eles, os homens brancos que desembarcaramcom Diogo Cão podiam ser espíritos de antepassadosvoltando para casa.A recepção aos portugueses foi calorosa. O mani-sônio (oumani Nsoyo), governante da província litorânea do reino, os acolheufestivamente. Os navegantes também se mostraram entusiasmadose curiosos. Queriam conhecer o rei, para quem traziampresentes. Com tal fim foram enviados alguns mensageiros à cidadereal, Mbanza Kongo. O rei, o manicongo, deve ter ficadobastante surpreendido com a presença daqueles brancos que diziamter cruzado o oceano. Talvez por isso, ao invés de mandálosde volta a seus navios, os manteve em seu palácio.Assim, os mensageiros tiveram a oportunidade de saber queo reino do Kongo era uma estrutura político-administrativa bemcomplexa e centralizada. A autoridade máxima era o manicongo,escolhido por um conselho de nobres que ocupavam os cargos desecretários reais, administradores provinciais, coletores de impostos,juízes e oficiais militares. Já a economia estava assentada naatividade agrícola e pastoril, embora houvesse grandes mercadosregionais para o comércio de sal e produtos de ferro, nos quais amoeda usada era um tipo de concha da região da ilha de Luanda,cuja coleta era monopólio real.Ao perceber que os mensageiros enviados ao rei tardavam avoltar, Diogo Cão resolveu tomar quatro reféns e levá-los dianteUma história do negro no Brasil 29

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